O CDS-PP/Madeira defendeu ontem, pela voz do seu dirigente José Manuel Rodrigues, que “não há uma dicotomia, uma divisão entre a pastorícia [na Madeira] e o ambiente”.
O líder centrista falava na ‘Festa do Mundo Rural’, um encontro promovido pelo partido com criadores de gado e que ontem decorreu na Bica da Cana, Paul da Serra, que mereceu do ecologista Raimundo Quintal um aviso, no Funchal Notícias, para a necessidade de se abordar o tema do pastoreio na serra da Madeira com cuidado e sem ceder a pressões eleitorais, em altura de pré-campanha.
Porém, José Manuel Rodrigues sublinhou que há que abordar esta questão “sem medos”.
“Não há, de um lado, como muitas vezes se faz querer, os pastores e criadores de gado, que são os ‘maus da fita’, e do outro lado, os defensores do ambiente e da natureza. Esta é uma mentira que foi criada, e propalada, e alimentada durante anos. Os pastores, os verdadeiros pastores, são os primeiros a querer defender a serra e as nossas florestas, porque delas depende também a sua actividade económica, o seu posto de trabalho, a sua sobrevivência e a sua vida”, declarou, entre aplausos e palavras de aprovação por parte da assistência.
“Porque é que noutras regiões é possível conjugar a pastorícia e a floresta, e na Madeira isso aconteceu durante séculos, e agora já não é possível, questionou? E porque é que na Madeira a reflorestaçao da Madeira, em vez de ser feita com espécies endémicas como loureiros, vinháticos e tis, está a ser feita com pinheiros (,,,)”, questionou o orador.
José Manuel Rodrigues sublinhou que a “natureza é a principal riqueza da Madeira e temos de cuidar dela. Por isso é que esta festa não é apenas dos pastores, mas também dos agricultores, do mundo rural da Madeira. E é o mundo rural que nos vende pelo mundo fora. Nenhum turista vem à Madeira ver túneis ou marinas, vem à Madeira para ver a paisagem rural humanizada que vocês constroem dia a dia”.
Abordando as verbas da UE disponíveis para apoios à agricultura e à pecuária, José Manuel Rodrigues garantiu que é preciso utilizar muito bem esse dinheiro.
A Madeira, disse, já foi auto-suficiente na produção de carne de porco, mas “infelizmente tivemos um Governo Regional que subsidiou a importação de carne de porco, para fazer concorrência à produção regional, e lá se foram todos os nossos suinicultores”. Também na produção de carne de frango e de ovos “já fomos auto-suficientes”, e “infelizmente hoje continuamos a importar estes dois produtos”.