Balanço da campanha eleitoral! As minhas notas aos 14 partidos e coligações (de 0 a 20)!

A campanha eleitoral para as Regionais de 26 de maio termina hoje.

Que balanço podemos fazer destes 13 dias de campanha (de 12 de maio até hoje) e de 109 dias de pré-campanha. Sim! Foram 109 dias de pré-campanha desde 24 de janeiro de 2024, data em que um avião da Força Aérea desembarcou na Madeira trazendo os inspectores da PJ.

Foi a investigação que nos “empurrou” para as Eleições Legislativas antecipadas. Mal “recuperou” o poder Constitucional, Marcelo Rebelo de Sousa dissolveu o parlamento regional e convocou eleições.

Aqui chegados, vou arriscar fazer um balanço por partido político:

PSD:

Ainda atordoado com as diretas entre Manuel António Correia e Miguel Albuquerque, o PSD-M (de Miguel Albuquerque) pôs “toda a carne no assador”, parafraseando o treinador de futebol, Quinito. O próprio partido parece ter interiorizado que o tempo das maiorias absolutas já lá vai e o PSD-M está aberto a (quase) tudo: Desde alianças pós-eleitorais de governação, acordos de incidência parlamentar ou governar com maioria simples, sujeitando-se aos ditâmes da Assembleia Regional. Seja o que Deus quiser!

A campanha eleitoral do PSD-M fez-se sem Luís Montenegro, sem comícios de encher o olho (à exceção de Toy) mas com muito porta-a-porta. O cabeça de lista não arriscou, como da outra vez, que se demite se não conseguir maioria absoluta mas pediu uma “maioria clara” em nome da estabilidade governativa. Agora sozinho, sem o CDS, o líder do PSD-M lá foi respondendo aos jornalistas sobre as aproximações ou não ao Chega, os “respingos” do processo judicial em curso, a demissão do chefe de gabinete ou as alegadas “pressões” sobre o funcionalismo público. Os eleitores têm agora a palavra. Nota para o PSD: 16.

PS:

O PS-M começou insuflado na pré-campanha com a operação desencadeada pela PJ. Era desta que o regime caia! Ainda nos lembramos do refrão: “Graças a Deus, tudo vai mudar, Graças a Deus, o Cafôfo vai ganhar!”. A lista de candidatos até parece ser agregadora, incluindo autarcas em final de mandato. Mas a música passou a ser menos óbvia à medida que a pré-campanha e que a campanha se desenrrolou. Vimos um Cafôfo igual a si próprio. Desdobrou-se em promessas, desde a Habitação à Saúde, passando pelo ferry, pela banana e pela cana-de-açúcar, todas legítimas, mas deixando a ideia que seriam precisos “três orçamentos” (conforme acusou o PSD), que as suas promessas fossem realistas.

É certo que Pedro Nuno Santos veio à Madeira (ajudar ou desajudar) na campanha. Nuno Santos não foi a escolha de Cafôfo nas internas do PS. Cafôfo, com mandato suspenso na Assembleia da República, não se livra do anátema “eu vou a todas!”. Nota para o PS: 14.

Chega:

Indissociável da imagem do líder nacional, André Ventura, o Chega-Madeira de Miguel Castro não se emancipou. A começar pela lista de candidatos (ordenada por Lisboa). A demissão da vice-presidente, Maíza Fernandes, no início de abril, também não ajudou.

Tendo por grande bandeira o combate à corrupção, o Chega teve no turbilhão da operação da PJ um filão que não quis ou não soube explorar. Digo não quis porque, a partir de certa altura, o “não é não” de entendimentos pós-eleitorais à Direita (com o PSD, naturalmente) passou a ser “nim”. Pelo menos foi isso que se ouviu no debate da RTP-M com a história do não “fechar portas”. Mas logo veio o deputado eleito à Assembleia da República, Francisco Gomes desdizer o líder, discordando de alianças pós-eleitorais com o PSD.

Fica a ideia de um partido que não inspira confiança. Aliás, imagem que também vem de Lisboa e das incidências da Assembleia da República. Nota para o Chega: 11.

JPP:

A estratégia dos “papelinhos” pode surtir efeito nas urnas. Galvanizado por um bom resultado nas Legislativas nacionais em que quase elegeu Filipe Sousa para a Assembleia da República, o JPP até pode conseguir aumentar o atual grupo parlamentar na Assembleia Regional.

Não foi uma campanha de “encher o olho” mas antes de consolidação da imagem dos irmãos Sousa. Se num passado muito recente pareceram desavindos, agora surgem unidos. As bandeiras do JPP estão identificadas: Gesba, monopólios, listas de espera na saúde, corte das “gorduras” do Governo, etc.. Mas, ou contrário de outros, passa a ideia (certa ou errada) de que o JPP fala com propriedade sobre os assuntos. E isso pode ser decisivo nas urnas. Nota para o JPP: 15.

CDS:

Ferido pelo “divórcio” com o PSD, sem Rui Barreto e, agora, com José Manuel Rodrigues, o CDS vai à procura de “salvar a honra do convento”. José Manuel Rodrigues fez uma lista agregadora. Chamou antigos CDS’s e atuais PP’s. Mas, qual “banco mau” e “banco bom”, fica a titubiante ideia de “estar fora e estar dentro”.

Não é crível querer passar a ideia de que, na governação, o que se fez de bom (economia) é mérito do CDS e o que se fez de mau (social) é demérito do PSD. Estamos em crer que, se o PSD for “castigado” no domingo, o CDS também não se livrará das suas chibatadas. Sobre a campanha, ficam as inenarráveis imagens do carro de pau (José Manuel Rodrigues), do mergulho na piscina ou das unhas laranja/azul (da candidata Sara Madalena). Nota para o CDS: 12.

CDU:

A coligação repete o rifão sempre que há eleições: “Não caímos de pára-quedas”, “estamos cá todos os dias do ano”, “ajudei, ajudem-nos” (parafraseando um slogan do -credo!- PSD de Alberto João Jardim). Na campanha, é também altura, mais do que nunca, de lembrar que a CDU é composta pelo PCP e pel'”Os Verdes”. Em Regionais, o cabeça de lista é o mesmo há já alguns anos. Mas, depois, quem vemos com maior frequência na Assembleia Regional é Ricardo Lume.

A CDU tem o seu lugar e o seu eleitorado fiel. Tem o seu alvo definido: Os trabalhadores e o Povo. Perante a diversidade de partidos concorrentes, a sua estratégia passa por diferenciar-se de partidos “da moda”. Não tem sido fácil a eleição. Será que a mensagem vai passar? Nota para a CDU: 13.

PAN: Será uma das grandes incógnitas do próximo domingo. Veremos se haverá uma “Força da Natureza” ou se a “natureza” da estratégia que levou o PAN a viabilizar um Governo do PSD/CDS vai ser mal interpretada pelo eleitorado. A candidata Mónica Freitas é uma “força da natureza” em garra e determinação mas não se livra do anátema apontado pelos demais partidos da oposição de manter no poder um regime que dura há mais de 40 anos.

O PAN tenta passar a ideia de ser um partido responsável que até conseguiu levar para a governação algumas das suas causas. Será que isso chega, perante incursões ao Caminho das Ginjas ou inflexões sobre o teleférico do Curral? Nota para o PAN: 12.

BE:

O BE regressou à Assembleia Regional no passado mês de Setembro, depois de fazer uma “travessia no deserto”. Fê-lo por Roberto Almada, antigo líder que agora volta a ser cabeça de lista. O BE, tal como a CDU, costuma ser vítima dos chamados partidos “da moda”. A diversidade de pequenos partidos concorrentes não ajuda. A dispersão de votos pode prejudicar o BE.

A campanha do BE não costuma ter grande criatividade, mas as intervenções costumam ser inflamadas. O apoio nacional, quer de Mariana Mortágua quer de Catarina Martins (candidata às Europeias) dão um élan aos candidatos regionais. Veremos se será suficiente! Nota para o BE: 13.

IL:

Fez uma campanha com alguma criatividade. Abordou também temas sérios como saúde, educação, impostos, habitação, complementos regional para antigos combatentes. Tentou afirmar-se como o partido que não é só de Nuno Morna mas também de Gonçalo Camelo e demais militantes. Arrepiou caminho na afirmação de que não quer ser apenas um partido de uma elite urbana mas pretende mostrar serviço também nos meios semi-urbanos ou rurais como Câmara de Lobos, Santa Cruz ou Machico.

Insistententemente questionado sobre acordos à direitoa ou à esquerda, o IL reafirmar o rifão “Não é não”. Veremos se na luta dos pequenos partidos, a IL será prejudicada ou beneficiada. Nota para o IL: 14.

LIVRE:

O LIVRE apresentou-se nesta campanha com uma “lufada de ar fresco”. Desde logo pela novidade da cabeça-de-lista, Marta Sofia. Diz quem sabe que Marta Sofia tem créditos firmados na área da cultura. Mas não é apenas esse eleitorado que o LIVRE quer cativar.

Alavancado pela dinâmica nacional do partido e pela imagem cada vez mais reconhecida de Rui Tavares, o LIVRE-Madeira quer capitalizar e, porventura, conseguir os 3500 votos suficientes para eleger um deputado. Veremos se a esquerda verde europeia tem lugar na Região! Nota para o LIVRE: 14.

PTP:

O adormecido PTP dos velhos tempos, com naturais semelhanças, na acção, com o extinto Partido da Nova Democracia (PND) está de regresso. Os dois primeiros nomes da lista, Raquel Coelho e Gil Canha dão cartas na afirmação do protesto e na luta contra a corrupção.

Tendo por pano de fundo as suspeitas de corrupção que a Justiça investiga, o PTP aproveita todas as ocasiões, deste o contacto de rua às redes sociais, para insitir nessa tecla. Domingo, veremos se a narrativa do PTP encontra eco nas urnas ou se fica a sensação que até merecem estar no paralmento mas, na hora da escolha, o eleitor põe a “cruzinha” noutro partido. A quantidade de partidos pequenos concorrentes também não ajuda. Nota para o TTP: 14.

MPT:

Valter Rodrigues já anda há algum tempo nestas andanças de campanhas. O partido fundado por Gonçalo Ribeiro Teles já foi coligado e já foi sozinho a actos eleitorias. Desta vez foi sozinho mas muito dificilmente conseguirá o número de votos suficiedntes para ser eleito para a Assembleia Regional. Ainda assim, fica o registo da participação. Nota para o MPT: 12.

ADN:

O ADN anda há pouco tempo na vida política. O sucedâneo do partido de Marinho e Pinto (PDR-Pardido Democrático Republicano) procura afirmar-se no país e na Região mas a luta não tem sido fácil. A nível nacional obteve nas últimas Legislativas nacionais um resultadão (próximo dos 100 mil votos). Mas disse-se que foi por os eleitores terem confundido a signa com a AD (Aliança Democrática).

A cabeça de lista às Europeias, a mediática Joana Amaral Dias veio dar uma ajuda aos candidatos encabeçados por Miguel Pita mas, domingo, a eleição será difícil. Nota para o ADN: 12

RIR:

Desta vez Tino de Rans (Vitorino Silva), o fundador do partido Reagir Incluir Reciclar (R.I.R.) não veio à Madeira fazer campanha. A “prata da casa” fez o que pôde, nas ruas, nas redes sociais, nos tempos de antena e na comunicação social para passar a mensagem. Ainda assim, Liana Reis, a cabeça de lsita, faz um balanço positivo desta campanha. A eleição estará distante mas fica a participação cívica. Nota para o RIR: 13.