Velar as imagens e cruzes deixou de ser uma tradição pascal

Rui Marote
Nesta quadra pascal, recordo o antigo costume de velar as imagens e cruzes nas igrejas. Há mais de trinta anos que esta tradição acontecia de forma oficial desde a publicação da edição oficial do Missal Romano, aprovada pelo Papa Pio V em 1570 no contexto do Concílio de Trento.
Esta era uma prática simbólica que evocava luto e tristeza pela morte de Cristo.
Quando o jornalista autor deste artigo era jovem, via as imagens e as cruzes em todas igrejas cobertas de um pano púrpura desde o quinto Domingo da Quaresma.
Permaneciam cobertas até ao início da vigília pascal, enquanto as cruzes se mantinham tapadas até o término da celebração da Paixão do Senhor  na Sexta Feira Santa.
Esse uso foi-se entretanto perdendo, e muitas comunidades cristãs simplesmente aboliram esta tradição sem qualquer explicação.
Na altura, a explicação de cobrir as imagens com o pano roxo durante a Quaresma era a de que tal prática se realizava para para que os fiéis não” se distraísse” com os Santos, sendo que a sua devoção deve estar fundamentada no Mistério Pascal de Cristo, ou seja, na sua Paixão, morte e ressurreição.
Cobrindo-se todas as imagens dos Santos e dos crucifixos aparecia assim com maior evidência o essencial: o altar ,onde se opera e actualiza o Mistério Pascal de Cristo.
Infelizmente nos dias de hoje ainda há quem continue adorar imagens, apesar de estar escrito em Êxodo 20:3-6: “Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra”. Boas Páscoas!