A grande Agustina partiu hoje!

A Grande AGUSTINA deixou-nos hoje (3 de Junho de 2019) e, tal como epitáfio de meu pai: “ESTOU MORTO E ESTOU VIVO “, o mesmo se aplica à maior escritora portuguesa, ainda deste século XXI, e minha amiga tal como seu marido, desaparecido há um ano.

Recebi a notícia inesperadamente, por outra amiga, sua admiradora também, e fiquei desolada por que pessoas assim empobrecem a nossa cultura e não há reposição possível .

Recordo vivamente o prazer de a ver com o seu adorado e adorável marido, Dr. Alberto Luís, a passarem um fim de semana na nossa casa, a  “velha casa ” de meu pai , e gravo na memória a presença de ambos; dias deliciosos, em que visitando umas parentes nossas que viviam na nova Casa do Pico, tal isso contribuiu para a  inspiração da sua  romantizada novela a “Corte do Norte” , em que a Imperatriz Sissi é uma das heroínas, figura essa que Agustina pesquisou sobre a vivência da mesma, na Ilha.

Mas, também, recordo uma das suas visitas últimas, em que foi assistir a um evento de ballet, em que uma das suas netas participava, na Casa das Mudas, na Calheta, e  em que ela me telefonou desolada por a terem alojado num hotel lá perto e não no Funchal!

Havia entre nós uma sincera amizade e foi na presença dela, do esposo, do meu primo Dr. Henrique de Freitas e esposa, Dr. Rebelo Quintal e esposa, que em 1986,  Solar do Ladrilho, juntos meu marido e eu, criamos a Casa-Museu Dr. Horácio Bento de Gouveia, promessa feita em vida a meu pai, mas que só em 1998 veio a ser oficialmente reconhecida  pelo meu outro velho amigo Ex-Secretário do Turismo João Carlos Abreu e outros membros do Governo. Aliás, a “velha Casa” tinha sido classificada como edifício de interesse regional local na vigência da Escultora e grande amiga M. Manuela Aranha da Conceição, em 1993.

Contudo, todas as vezes que eu ia à Ilha, nunca o fazia sem primeiro a visitar na sua quinta estilo inglês, na Rua do Gólgota no Porto, para perguntar se queria alguma coisa ; uma das vezes pediu-me umas fotos que tirara com AMÁLIA , anos antes. Contactei o DN e foi – me dito que a nova direcção tinha renovado tudo!

Passei várias tardes com o casal, nos últimos anos apenas com o Dr. Alberto-Luís, um grande obreiro e companheiro da obra de Agustina, conversador e de uma delicadeza não comum nos nossos dias, que sempre me ofertava e a meu marido um romance da nova edição que ele dirigia e valorizava com os seus desenhos.

Quando da inauguração do Centro de Estudos Camilianos, em Seide /Ceide, Agustina fez a oração de sapiência, brilhante como sempre, e o seu lento apagar-se entristeceu-nos a todos os seus amigos e leitores.
Ainda em Outubro de 2010, no evento anual da “Escritaria”, que dura vários dias, acompanhei todos os dias e participei na mesa redonda, assim como em Vila Meã, terra natal da escritora , em que falei dos laços de amizade que nos uniram.

A toda a família e a todos quanto “amámos” Agustina, a Grande, a minha homenagem.