O Moniz-Carlos Varela levou à cena “Pessoa Ninguém: Ferdinand Personne”

Fotos da representação da peça “Pessoa Ninguém: Ferdinand Personne”. Fotos Micaela Martins

O  XXVI Festival Regional de Teatro Escolar – Carlos Varela, que decorre ao longo desta semana na Escola Secundária Jaime Moniz, continua a ter casa cheia de alunos e professores para respirar em teatro. As escolas da Região  sobem ao palco da Jaime Moniz para mostrar brios nas artes dramáticas.

Micaela Martins e Carla Martins, as coordenadoras deste evento, desdobram-se na organização de todos os pormenores para que os momentos de teatro sejam bem vividos pelo público.

 

Segundo uma nota informativa da coordenadora Carla Martins, o balanço do terceiro dia de teatro escolar é positivo e foi mais um dia intenso: “O terceiro dia do XXVI Festival de Teatro Carlos Varela abriu, às dez, com a peça da casa “Pessoa Ninguém: Ferdinand Personne”, teatro documentário, com textos do autor abordados no 12º ano de escolaridade, na disciplina de Português, e estudos de ensaístas como Teresa Rita Lopes e Joaquim Vieira. No Ano Europeu do Património Cultural e comemoração dos 130 anos de nascimento do autor, estiveram em cena curiosidades como o facto de detestar usar o telefone ou tirar fotografias, a paixão pela astrologia, a insinuação de uma ligação secreta com a mulher de Aleister Crowley, o facto de fumar oitenta cigarros por dia, a par de quase acertar no dia da sua morte, segundo estudos divulgados por Paulo Cardoso.  Teve um único amor na vida: Ofélia Queirós, a quem pediu em namoro com tiradas de Hamlet. Vida atribulada, família desfeita, “um boneco partido” que sente saudades da infância. Encenador de ficções: Campos, Reis, Caeiro, Bernardo Soares e mais de 70 outras personagens mais ou menos efémeras. Pessoa, quer no masculino, quer no feminino teve sempre uma tendência para se multiplicar. Pessoa, afinal, Personne. Visualizou-se a si próprio como o drama-em-gente onde “vários atores representam várias peças”. Uma sala replete de alunos atentos conheceu hoje, de forma diferente, um autor do programa. O único amor da sua vida que nunca teve quebras, foi o amor pela mãe, dez anos após a sua morte ainda escrevia em versos e em francês: “Maman, maman,/ tu me manques tant/ je suis toujours ton enfant”. Morreu a 30 de novembro de 1935: “Um dia deu-me um sono como a qualquer criança/ Fechei os olhos de dormi”.

O Festival contou ainda com o grupo convidado associação “Olho.Te” que apresentou “Uma amiga preciosa”, texto original de Jorge Ribeiro Castro, adaptação de Henrique Boulhosa, encenação e direção artística de Hugo Andrade. Segundo a associação, o texto versa sobre um “Enfermeiro de profissão, que mostra no seu livro, de forma didática, alguns dos papéis que o enfermeiro desempenha no mundo da saúde e utiliza as personagens Micas e a fada Flora para desmistificar o medo que a criança tem quando é confrontada com a realidade da vacinação, mostrando o quanto orgulhosa se sente quando vence o medo, a que não é alheio o papel da família. Micas, tal como todas as crianças, sonha com um planeta saudável. A amiga Flora, protetora dos enfermeiros, com a sua concha deslumbra Micas e esta parte para salvar um planeta que se encontra enfermo. Vacinar ou não vacinar. Cabe a cada um decidir e sentir. Os atores sociais, cidadãos plenos de consciência e informação, tornam-se os protagonistas da ação, sendo-lhes dado a vez e a voz através da expressão artística: o teatro. Vamos todos ouvir a concha preciosa e tornar o planeta são, pleno de afetos e amor? O teatro é um dos antídotos para a transformação e ação de CURA. A peça mostra parte do trabalho desenvolvido na área do teatro social pela Associação Olho.te e é o resultado da participação em exercícios e Workshops teatrais. Constitui uma peça de “lego” que se junta a outras que surgiram e que formam o jogo do simbólico, da união, cooperação, construção, amizade e inclusão, no âmbito do PARTIS (Práticas Artísticas de Inclusão Social), programa da Fundação Calouste Gulbenkian e parceiros como o IHM EP (Investimentos Habitacionais da Madeira), Câmara Municipal do Funchal e junta de Freguesia de São Martinho.”

No turno da tarde, às catorze, o DraMa’Xico, da Escola Básica de Machico,  apresentou “Queen Bee – abelha-rainha”, de Aloísio Ferreira. Segundo a coordenadora, Lucinda Moreira, “a história aparenta ser o típico romance de adolescente, ao início, mas após os primeiros minutos, percebemos que é uma comédia de humor negro que visa fazer uma sátira de uma sociedade materialista e falsa, explorando vários tópicos muito controversos da vida de adolescentes que é muitas vezes esquecida. A peça relata a história de Verónica, uma rapariga comum do 12° ano, que, após uma coincidência, entra no grupo das raparigas mais populares da escola. A sua nova vida, no novo grupo, trouxe alguns privilégios, mas, acima de tudo, enormes consequências, que nunca tinha imaginado. Cabe a Verónica o papel de se adaptar à sua nova vida e procurar o seu próprio final feliz.”