Recentemente Ribeiro e Castro, antigo líder nacional do CDS-PP, apresentou uma proposta para alterar a lei eleitoral e o modelo como se elegem os deputados para a Assembleia da República. Apesar da qualidade da proposta, com inspiração no modelo eleitoral Alemão, esta não teve a atenção mediática que gerasse o devido debate público, que na minha opinião era merecido.

A proposta baseia-se numa alteração de fundo na eleição dos deputados que permite uma enorme reaproximação entre os eleitores e os eleitos: os eleitores passam a poder escolher não só o partido em que querem votar, mas também no seu deputado favorito. Assim sendo, os deputados deixam de ser eleitos de acordo com a posição em que aparecem nas listas de candidatos escolhidas pelos seus partidos, mas sim pela sua qualidade e capacidade de empatia com o eleitorado que lhes permita reunir um número de votos maior. Ao mesmo tempo, responsabiliza mais cada um dos eleitos com os compromissos assumidos com os seus eleitores e não com o partido e disciplina de voto desse partido.

Na minha opinião, este é claramente o caminho a seguir para reaproximar os eleitores dos eleitos, reduzir a abstenção, credibilizar a política e os seus agentes, melhorar a qualidade dos nossos eleitos e assim sendo, melhorar a qualidade da nossa democracia. As pessoas estão fartas da partidocracia em que vivemos onde os políticos têm que oferecer “vassalagem” aos partidos e seus dirigentes se não querem ser afastados! As pessoas estão fartas de sentirem que os políticos são todos iguais, porque o sistema onde eles actuam está claramente viciado para permitir a permanência quase ad eternum de um conjunto de incapazes que abusam das imperfeições do sistema para se manter no poder e manter as suas regalias! As pessoas estão fartas de não serem verdadeiramente representadas e de sentirem uma distância abismal entre elas e aqueles que elegeram e ao mesmo tempo, nem sequer perceberem quem estão verdadeiramente a eleger quando votam por determinado partido!

A  melhor forma de salvar a credibilidade da nossa democracia é voltar a dar voz aos ciadadãos! É dar-lhes mais direito de escolha, dar-lhes mais poder sobre o processo! É preciso transferir poder dos partidos para os eleitores! Talvez nessa altura se reduzam também as dezenas de confrontos partidários que todos nós conhecemos tão bem e que este ano já são tão frequentes na Madeira com o aproximar das eleições regionais em 2019. Os confrontos entre quem tem o poder e não o quer largar de forma alguma e os outros que acham que esse poder estava melhor entregue a outras pessoas, foi assim no PS-M, está a ser assim no BE-M e no CDS-PP/M e até no PSD-M existem notícias que dão conta desse confronto! Se deixarem de ser os líderes partidários a ter o poder de escolher quem são as pessoas que ficam em lugares elegíveis nas listas dos partidos verão que muitos desses confrontos internos desaparecem! Deixem que sejam os eleitores a escolher quem realmente consideram os mais capazes para os representar! A democracia só tem a ganhar com isso!