Rui Paquete, antigo diretor da prova, pede ao Governo que invista um pouco mais no Rali e menos no futebol

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Rui Paquete salienta a importância do evento para a promoção da Madeira e do vinho.

O Rali Vinho Madeira está prestes a “roncar” no asfalto, com madeirenses e turistas a seguirem de perto a pedalada dos pilotos e das máquinas. Durante anos, Rui Paquete foi diretor da prova e, quando os telemóveis e os GPS sofisticados ainda faziam parte da ficção científica, ficava no Quartel General do evento a seguir ao pormenor a velocidade endiabrada das máquinas. Confessa ao FN que chegou a fazer 72 horas diretas na sala de controlo. Hoje, já retirado destas lides, acompanha-as pela RTP/M. E pede mais “boa vontade ao Governo para investir um pouco mais no Rali e menos no futebol”.

Funchal Notícias – Como costuma acompanhar agora o Rali Vinho Madeira?

Rui Paquete – Nestes últimos anos, tenho acompanhado o Rali através da comunicação social, essencialmente através da RTP/Madeira, que sempre prestou um grande serviço ao automobilismo madeirense. Aproveito a oportunidade para felicitar a RTP/Madeira, assim como a RDP, pelo excelente trabalho que sempre fizeram em prol do automobilismo na Região.

rali-vinho-madeira-classificativa25FN – Quais são as suas expetativas para a edição deste ano? Alguma novidade?

RP – As perspetivas para este ano são boas, pois o RVM tem uma boa lista de inscritos. Com as verbas que dispõe era impossível obter uma melhor lista.

FN – A população e o turismo ainda mantêm o entusiasmo de sempre à volta desta prova? 

RP – Penso que a população ainda mantém muito interesse e carinho pelo RVM. Não mantém o mesmo que mantinha há cerca de 20 anos atrás, é certo, em que os reconhecimentos eram livres, não existiam parques de assistência, os treinos eram feitos a qualquer hora do dia ou da noite, pois isso fazia movimentar muita gente pelas localidades da Região e como tal mobilizava igualmente o comércio das pequenas localidades. Infelizmente, isso acabou, por imposições dos regulamentos internacionais a que a prova está sujeita.

A nível de turismo, existia sempre muitos pessoas e mesmo familiares que acompanhavam as suas equipas.

rali-vinho-madeira-classificativa02FN – Como estamos em termos de segurança?

RP – O RVM sempre se pautou por uma boa segurança, aliás o grande lema de sempre deste evento.

Nos anos em que fui diretor da prova ou como diretor adjunto, o termo “Segurança” era sempre o mais importante.

Durante cerca de 20 anos, nunca fui à estrada ver o Rali, pois as funções que desempenhava me obrigavam a ficar sempre na sala da direção de prova, habitualmente conhecida pelo “Quartel General da prova”.

Nessa sala, existiam os contactos com todos os elementos que estavam na estrada, através de telefone fixo ou através do serviço imprescindível das comunicações militares e dos rádios amadores. Era nessa sala que se decidia, através das informações recebidas da estrada, se o Rali tinha de parar ou não.

Foram tempos muito bons, cheguei a fazer 72 horas diretas, mal acabava uma etapa começava a outra… Quem estava no QG a comandar a prova tinha de ter uma confiança enorme nos elementos que estavam na estrada.

Marco_Sousa_rali2Lembro-me que, na viatura que ia à frente do Rali, seguia o Dr Paulo Fontes  (diretor de prova), conduzida pelo Janica Clemente, e no assento atrás, ia um elemento que fazia as comunicações via Rádio Militar. Não existiam telemóveis… Bons tempos!

A festa do RVM começava na segunda feira da semana do Rali, com a chegada das viaturas, dos treinos e da assistência. A partir daí, era ouvir o roncar desses motores nas serras madeirenses.

Penso que o Rali continua a ser uma boa promoção para a Região, não só como divulgação do destino, mas também do seu próprio vinho.

Acho também que, com um pouco mais de boa vontade, o Governo poderia investir um pouco mais no Rali e um pouco menos no futebol.

rali1FN – Qual a mensagem que deixa aos dinamizadores deste evento e à população em geral?

RP – Quero aqui deixar um grande abraço e as maiores felicitações a todas as pessoas que trabalham para o RVM.

Um grande apelo no sentido de que todo o público veja o Rali em segurança, pois o Rali é dos Madeirenses, e a segurança terá de estar sempre acima de tudo. Tentem compreender e acatar as ordens que lhes são dadas pelos agentes de autoridade, assim como pelos elementos da organização.