
Fotos: Rui Marote
A época balnear começa hoje na Região Autónoma da Madeira, curiosamente e bem a propósito, num dia no qual o calor se fez sentir fortemente, quase como se já fosse Verão. Conforme explicou ao Funchal Notícias a directora regional do Ordenamento do Território e Ambiente, Susana Fontinha, o início da época balnear varia de Água Balnear para Água Balnear, conforme refere o Anexo I da Portaria 154-C/2016 de 1 de Junho, publicada ontem em Diário da República.
De facto, o referido anexo refere que as praias da RAM onde a época balnear começa hoje são a da Calheta e da Serra de Água, no mesmo concelho, (até 18 de Setembro); do Complexo Balnear das Salinas e a praia do Vigário, em Câmara de Lobos (até 30 de Setembro); a Praia Nova, no Funchal, nas mesmas datas; a da Alagoa, Ribeira do Natal e S. Roque, e ainda Prainha, no concelho de Machico (até 18 de Setembro); a do Clube Naval do Seixal, praia da Laje e Porto Moniz, neste concelho (até 30 de Setembro); todas as praias do Porto Santo; as praias do Clube Naval de São Vicente e Ponta Delgada, no concelho de S. Vicente, também até ao final de Setembro; e, no concelho de Santa Cruz, as do Galo Mar, Garajau, Palmeiras, Reis Magos e Roca Mar, também até 30 de Setembro.

Já as restantes praias, nomeadamente da Ribeira das Galinhas, da Calheta, do Funchal, da Banda d’Além, em Machico, dos Anjos, Lugar de Baixo, Madalena do Mar, Ponta do Sol, Ribeira Brava, Palmeiras (Santa Cruz) e Ribeira do Faial só iniciam a época de banhos em datas diversas, que variam entre 13 ou 15 de Junho e 1 de Julho.

No Funchal, as praias do Areeiro, Barreirinha, Ponta Gorda-Poças do Governador, Formosa, Gorgulho, Lido e Doca do Cavacas só iniciam a época a 13 de Junho, terminando-a a 9 de Setembro.
Conforme sublinhou a nossa interlocutora Susana Fontinha, também no continente se verificam estas variações consoante a praia. Algumas águas balneares como Cascais, Oeiras, Sesimbra e Albufeira já iniciaram a sua época balnear em Maio.

A Madeira, via Direcção Regional do Ordenamento do Território e Ambiente, enviou atempadamente a informação referente às águas balneares a identificar em 2016 para a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para ser incorporada na supracitada Portaria. Tal resultou “de um trabalho conjunto com as Câmaras Municipais da RAM”, tendo sido solicitados pareceres à Capitania e ao IASAÚDE.

Explicou-nos Susana Fontinha que a sinergia com a CMF “é igual às estabelecidas com as demais câmaras municipais da RAM, havendo uma boa comunicação e relação com todos. A DROTA estabelece contactos com todos os municípios e verifica-se que a preocupação para manter ou melhorar a qualidade das águas balneares e zonas envolventes é geral”.

As águas balneares do concelho funchalense são geridas num trabalho conjunto entre a DROTA, a CMF, a empresa Frente Mar, a Capitania e o IASAÚDE, numa articulação de meios que se tem pautado por uma interacção positiva, deu a entender a directora regional.
Susana Fontinha adianta que “esperamos um Verão de 2016 com muita afluência, tal como nos anos anteriores. Nas praias de banhos anteriormente identificadas teremos nadador salvador, portanto a segurança será uma constante obrigatória”, assegura.

Relativamente às questões de vigilância ambiental, garante ao FN que todas as 46 águas balneares constantes da Portaria serão monitorizadas, de modo a garantir o controlo da qualidade.

“Os resultados das análises são colocados no portal do SNIRH – Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos e no portal da DROTA, logo que o resultado esteja disponível”.
“Esperamos igualmente que os banhistas respeitem as indicações e as informações disponibilizadas”, adiantou.

O Funchal Notícias foi dar uma volta pelas praias do concelho do Funchal, para ver como se está a processar a afluência às mesmas neste período de Primavera, e aferir do estado das mesmas. Deparámos com uma utilização ainda muito escassa; apesar do clima ameno, os funchalenses parecem ainda algo friorentos e pouco inclinados, para já, em banhar-se nas águas do Atlântico. Quanto ao estado das praias funchalenses, é, em termos gerais, razoável – exceptuando o Lido, que agora está excelente, recém-saído das obras de recuperação.

Os outros complexos balneares e praias necessitam de algum ‘polimento’ aqui e ali, de umas pinturas, de uma melhorias, mas não há, em termos gerais, sinais de degradação. A mesma só é visível em algumas estruturas abandonadas da Praia Formosa (onde pequenas torres metálicas de vigilância de nadadores-salvadores se encontram abandonadas a um canto, corroídas pela ferrugem; onde antigos campos de jogos estão votados ao mais completo abandono; e onde o acesso ao estacionamento, recentemente fechado pelo proprietário, a quem as instâncias judiciais deram razão, colocou os restaurantes e bares lá localizados numa situação de quase desertificação, que só é amenizada nalguns fins-de-semana, onde ainda assim os clientes têm de deixar os carros em situação de estacionamento irregular e sujeitos a multa.
Os comerciantes lamentam o facto e sublinham que a CMF devia envidar esforços para obter um entendimento com o proprietário do espaço, hipótese na qual preferem continuar a acreditar.

Na Praia Formosa fomos, apesar de tudo, encontrar alguns estrangeiros e madeirenses a banhos, embora em reduzido número. A praia não tem vigilância, por agora, e encontra-se num ar de degradação, apinhada de pedras. Uma máquina escavadora bem poderia ajudar a preparar o areal, limpando e afastando os pedregulhos. Apesar de todos os condicionalismos e da degradação de algumas estruturas como campos de jogos, aquele ainda continua a ser um espaço aprazível procurado pelos madeirenses inclusive para a prática de ‘jogging’ ou caminhadas. Uma das poucas praias gratuitas, de areia preta, disponíveis no arquipélago. Bem mereceria uma maior atenção de todas as entidades, no sentido de a preparar condignamente para a época balnear que se avizinha, ultrapassando impasses e diferendos.




