Crónica de viagem: Salaam Aleikum, “السلام عليكم” A paz seja convosco…

Salaam Aleikum é uma forma de saudação entre os muçulmanos e significa a” Paz esteja convosco”. Nos meus apontamentos de viagem, levo sempre uma dúzia de palavras no idioma da língua do país a visitar. Esta expressão abre muitas portas aqui na Arábia!

A língua de Maomé deixou, aliás, vestígios no nosso idioma. Não esqueçamos a ocupação árabe da Península Ibérica. Isso produziu vários vocábulos que influenciaram a nossa língua.
A religião pratica-se até nas ruas, não só nas mesquitas
Entre as palavras portuguesas de origem árabe contam-se café, arroz, algodão, girafa, divã, beringela, acelga, alfazema, javali, azul, álgebra, alfaiate, alambique, azeitona, damasco, tamarindo, limão…Tudo isso são empréstimos da língua árabe.
Há alguns dias que aqui estou e ainda não tive de recorrer à língua gestual para me fazer compreender. Visitei o Al Alawi, um dos grandes mercados ao ar livre do bairro Al-Balad: de têxteis a perfumaria, de tudo se compra e se vende. Conhecer o mercado e os vendedores é uma obrigação para um repórter de imagem.

O comércio é movimentado nas zonas de mercado
Durante o percurso, um edifício histórico chama a atenção: a casa Nassif, residência construída no século XIX, pertencente à abastada família do bem sucedido comerciante Omar Nasseef Efendi – à época governador de Jeddah. Tem 106 quartos com obras artísticas classificadas como admiráveis.
Canhões portugueses em Jeddah
Em frente ao histórico edifício, descobri uns canhões sem qualquer identificação, mas que são portugueses. Com a ajuda do Google descobri que ali se verificou uma batalha naval, na baía de Jeddah, entre a frota portuguesa liderada por Lopo Soares de Albergaria e a defesa otomana, comandada por Selmã Reis (a 12 de Abril de 1517) que não permitiu o desembarque das forças lusas, que acabaram por retirar-se.
Percorrendo as ruas de Al-Balad, descobri um grupo de jovens a jogar Playstation. Quem pensa que a Arábia Saudita está nos antípodas do mundo moderno, descobre que não é bem assim. Com os monitores fixados numa parede, os jovens sentados em bancos improvisados jogavam em salutar camaradagem. Duas mesas de matraquilhos e outras de pingue-pongue completavam o cenário deste “salão” de jogos.
Uma “roeza” no estômago fez-me descobrir uma loja de sumos, pertença de um egípcio de nome Saed. que aqui reside há mais de 30 anos.
O cheiro das mangas abriu-me o apetite e, com umas omeletes de vegetais picantes, conquistou um cliente para os próximos dias.
Com saudades de ver o mar, deixei o velho bairro para percorrer a Corniche: é ali que tudo se passa. Correr, fazer exercícios, namoriscar, fazer piqueniques… tudo num ambiente fantástico com cheiro da brisa do mar.
Ao fundo a  Mesquita Al Rahma, construída sobre estacas em cima do mar. Ao longo do “calçadão” ou no areal da praia, famílias inteiras desfrutam do espaço acompanhadas de bules de chá em amena cavaqueira.
A mesquita, construída sobre estacas
O interior da mesquita
Mas Jeddah tem muito mais para oferecer: a cidade respira cultura. Há varias galerias de arte onde é possível entrar em contacto com a obra de artistas sauditas.
Na gastronomia, visitei um restaurante muito elogiado, o Meez, sempre cheio. Não tive outro remédio senão esperar: uma “guarda de honra” à porta do restaurante montava uma autêntica sentinela. Mas dei o meu tempo de espera por bem empregue. Com um menu variado, a comida era deliciosa e o pessoal profissional. Nota 10, recomendável.
A fonte do rei Fahd, símbolo da cidade.
Uma das atracções turísticas mais impressionantes e imperdíveis de Jeddah é a fonte do Rei Fahd. Tornou-se o símbolo da cidade há algum tempo, porque esta fonte não é apenas a mais alta da Arábia Saudita: é simplesmente a mais alta do mundo.
Com um considerável poder de projecção, a fonte do rei Fahd inevitavelmente impressiona quem vem observá-la. Enorme, colossal: pode atingir entre 240 e 312 metros de altura, dependendo da força do vento. Três bombas grandes alimentam-na continuamente e distribuem os 625 litros de água por segundo de que necessita, a uma velocidade média incrível de 375 quilómetros por hora.
Construída entre 1980 e 1983, e comissionada em 1985, a fonte do Rei Fahd é agora uma fonte de fascínio para o público, sejam os espectadores locais que nunca se cansam de vir admirá-la, ou os turistas que a descobrem pela primeira vez. Ao mesmo tempo imponente e surpreendente, a fonte é majestosa.

Localizada de frente para o mar numa parte da cidade na água, a “Corniche”, a fonte é facilmente vista de muitos lugares da cidade, mas vale a pena vê-la mais de perto.

É à noite que a fonte do Rei Fahd é mais impressionante. Quando o dia deixa Jeddah, a fonte fica totalmente iluminada. O jacto luminoso que brilha fortemente durante a noite e parece apontar para as profundezas do céu, rumo às estrelas.

Muito mais há para ver ou fazer em Jeddah mas, por um motivo ou outro, acabei por não o conhecer. Resta-me “palmilhar” os caminhos e descobrir o que ainda puder.

Aqui fica o meu Adeus em árabe: Wadaean وداعا