PCP insiste na dignificação dos salários dos profissionais da Hotelaria

Na tarde de hoje, o PCP realizou uma acção de contactos com a população no centro do Funchal, inserida no âmbito da campanha que está a ser desenvolvida: “Mais Força aos trabalhadores”.

Junto à Secretaria Regional do Turismo e Cultura, a dirigente regional do PCP, Herlanda Amado, denunciou a precariedade crescente no sector.

“Diariamente ouvimos falar das ocupações recordes nas unidades hoteleiras da Região, havendo inclusivamente declarações de que os valores registados são superiores aos registados antes da pandemia. O Secretário Regional da tutela afirmava no ano passado que, na História da hotelaria da Região atingiram-se valores recordes nunca antes alcançados, com a arrecadação de 55 milhões de euros e 950 mil dormidas só no mês de Junho e tendo em conta a ocupação no mês de Dezembro, possivelmente irão falar-se de recordes, para os mesmos de sempre, os grupos hoteleiros. Mas para quando o justo pagamento dos salários para quem trabalha no sector?”, refere uma nota.

“As migalhas vão sobrando para os trabalhadores, enquanto falam de milhões de euros de receitas para os grupos hoteleiros”, criticou.

“Quem faz do sector da hotelaria uma referência a nível nacional e internacional? Os trabalhadores! Eles é que são a força do trabalho e da qualidade que é tão granjeada por quem nos visita. Os trabalhadores é que garantem a qualidade dos serviços prestados, mesmo que o seu trabalho não seja justamente pago”, insiste Herlanda Amado.

“Quando os trabalhadores são confrontados com estes recordes de ocupação e havendo uma ligação directa aos lucros provenientes destas mesmas ocupações, coloca-se-lhes a questão. Havendo mais turistas, mais ocupação de camas, logo mais receitas para os grupos hoteleiros, porque não conseguem ver reflectido nos seus salários esses mesmos aumentos?”, questiona.

Os comunistas apontam que a precariedade laboral crescente é um factor de instabilidade na vida dos trabalhadores e é uma das causas que faz com que bons profissionais do sector procurem outras áreas de trabalho com maior estabilidade, visto que muitos estão há dezenas de anos em situação de precariedade laboral.

“Se de facto existe necessidade de trabalhadores no sector porque razão que grande parte dos trabalhadores com vínculo precário não veem o seu contrato de trabalho renovado? Se a necessidade relatada é tanta, porque não se asseguram contractos de trabalho seguros e com remunerações justas?”, referiu.

A dirigente do PCP disse que para agravar esta realidade vivida por milhares de trabalhadores do sector na Região, “ainda são confrontados com horários desregulados e repartidos, muitas vezes sendo impossível conciliar com a vida familiar e social”.

“Não serão os baixos salários, a falta de estabilidade, os horários desregulados, a pressão de turnos infindáveis sem folgas, a acumulação de tarefas, um dos factores para que trabalhar no sector já não seja tão atractivo, como seria a alguns anos? Não será o uso abusivo dos trabalhadores precários e em regime de “outsourcing” um motivo para que existam cada vez mais trabalhadores afectados por doenças do foro psicológico, porque não aguentam a pressão para trabalhar cada vez mais, recebendo cada vez menos?”, questionou.

Para o PCP, é um facto incontestável que a generalidade dos trabalhadores do sector da hotelaria recebem salários baixos para as funções que desempenham e até os representantes dos patrões falam na necessidade de serem assegurados aumentos salariais, mas não passa disso mesmo, a constatação de um facto.

“Está nas mãos do Governo Regional e das entidades representativas do patronato assumirem que é necessário garantir efectivamente aumentos salariais, garantir progressão remuneratória e horários dignos e humanamente executáveis, como tem sido reivindicado ao longo dos anos pelas estruturas representativas dos trabalhadores, darem passos significativos para que a precariedade no sector seja uma má memória de um passado recente, que alguns, o patronato, vêm como um ano de recordes”, aponta.