Rafael Nunes, vice-presidente do grupo parlamentar do JPP, considerou que “as trapalhadas da Agricultura” impedem o pagamento justo ao bananicultor. O responsável referia-se às declarações feitas pelo secretário regional da Agricultura, numa entrevista, há poucos dias, a um órgão de comunicação social regional.
“Disse o secretário regional da Agricultura que a GESBA não distribui os lucros pois estes são absorvidos com a triagem e o embalamento. Dias depois, veio o presidente da GESBA, num programa da RTP, contradizer Humberto Vasconcelos e referir que a GESBA retém os lucros que são fruto do trabalho dos agricultores”.
Para Rafael Nunes esta situação revela a “trapalhada” que se vive na Agricultura. “Ou o secretário regional não sabe do que fala ou tenta deliberadamente confundir os agricultores”, acusou.
“Isto demonstra uma profunda falta de sensibilidade para resolver os problemas que afectam milhares de agricultores que se veem confrontados, diariamente, com o aumento dos custos de produção”, referiu.
O vice-presidente do grupo parlamentar do JPP recordou ainda o crescente descontentamento e a “revolta dos produtores de banana contra a gestão da GESBA” que exigem um pagamento justo pelo seu produto “que lhes permita, pelo menos, atenuar o estrondoso crescimento da inflação”.
Além da “falta de sensibilidade, verifica-se uma impreparação do secretário para falar deste sector”, insistiu o deputado. “Humberto Vasconcelos fala em aumentos do preço pago aos agricultores desde 2009. Matreiramente, nunca refere o período antes da GESBA ser constituída. Porquê?”, questiona.
Para o JPP, “os agricultores sabem o porquê: porque a banana era mais bem paga antes da GESBA do que após a constituição desta empresa pública” e reforça: “Nós temos todas as facturas que o comprovam”.
O parlamentar realça “as novas promessas do Governo Regional quando falam em pagar mais uns cêntimos por quilo de banana por ter sido um bom ano de produção”. Mas “os agricultores já não se deixam enganar: para o Governo, todos os anos eleitorais são bons anos de produção”, referiu.
Para Rafael Nunes esta promessa deve-se, única e exclusivamente às eleições do próximo ano. “Depois, esse dinheiro será, novamente, cortado”.
“Nós já provámos que a GESBA tem lucros que permite pagar mais ao produtor e negociar melhor a banana”, disse. “Existe margem para o aumento do valor fixo e não apenas cêntimos, basta que, para isso, exista vontade política”, concluiu o parlamentar.
