José Manuel Rodrigues alerta para a “necessidade de classificar património edificado”

O Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira defendeu, ao início da tarde de ontem, a “absoluta necessidade de classificar o património edificado, para que a voragem da construção não dê cabo de obras notáveis e marcantes da arquitetura nestas ilhas, sobretudo do século XX”.

“Muitas destas peças estão por conhecer e divulgar, e este aspeto é um dos maiores inimigos da sua recuperação e preservação. Em vez de erguermos parques temáticos a recriar o que temos, era bem mais importante tentar recuperar e conservar o que resta da nossa história, em particular do património edificado, ligado aos ciclos de prosperidade do açúcar e do vinho”, afirmou José Manuel Rodrigues na cerimónia de encerramento do Seminário “Arquitetura nas Ilhas”, promovido pelas Secções Regionais da Madeira e dos Açores da Ordem dos Arquitectos.

No seminário que decorreu no Hotel Pestana Casino, o Presidente do Parlamento madeirense chamou, também, a atenção para a “grande pressão imobiliária e turística que tem, necessariamente, impacto no ordenamento do território e na paisagem”.

“Não é mau, e traduz uma nova procura da Madeira, já não como um destino terapêutico, mas como um local seguro para passar férias ou residir em segurança. Claro que tem efeitos e impactos na paisagem e território, mas o desafio, sobretudo para vós, está em saber integrar estas novas construções nas paisagens rural e urbana da ilha”, vincou.

José Manuel Rodrigues disse, ainda, ser preciso “evitar criar duas ilhas, uma ilha resort, onde o estrangeiro e o visitante se sentem com qualidade de vida e tranquilidade, e uma outra ilha, uma ilha-gueto, onde os naturais e residentes se sentem quase estranhos na sua própria terra, por via de uma expulsão para as periferias dos grandes centros, devido aos preços exorbitantes de terrenos e casas nos centros de freguesias e concelhos”.

“Estou certo de que os senhores arquitetos aqui presentes, os obreiros da era que vivemos, são os melhores intérpretes deste sentir dos ilhéus”, rematou.