IL questiona Reserva Estratégica de Cereais

A Iniciativa Liberal-Madeira apelou, a 14 de Abril, à criação de uma Reserva Estratégica de Cereais, para fazer face a possíveis falhas no abastecimento da região. “Uma vez que somos um arquipélago, a existência dessa Reserva faria ainda mais sentido”, diz Nuno Morna, pela Comissão Coordenadora do partido.

“O Governo Regional abraçou a sugestão e esteve muito bem. Pena é que esta Reserva tenha o horizonte de 1 ano. Pena é que se caia no ridículo de, com pompa e circunstância, anunciar uma reserva estratégica de cereais de 8 toneladas. Corresponde, grosso modo, e descontando a população flutuante, a 32 gramas de cereais por madeirense. Como reserva estratégica parece curto e coisa suscetível de dar fome, mas devemos estar a fazer mal as contas”, refere o responsável partidário.

“Pensar conjunturalmente é pensar o perto. Demonstra assim, o GR, que não consegue estabelecer horizontes estruturais que criem verdadeiro desenvolvimento. Se têm dúvidas, perguntem. Nós explicamos”, diz a IL.

“Durante muitos anos dispôs a Madeira de uma Reserva Estratégica Regional de Cereais. Esta acabou durante o PAEF, que para quem não se recorda é o plano, ainda em vigor, estabelecido para fazer frente a uma dívida de 6.300 milhões de euros, resultado das incompetências governativas do PSD.

Em 1982 a Assembleia Regional da Madeira aprovou a construção de silos de cereais no porto do Funchal, que seriam geridos pela EPAC (Empresa Pública de Abastecimento de Cereais). Iniciou-se a obra em 1984, após adquirido o terreno, e custaram 300 mil contos (em valores actuais 7 milhões e 250 mil euros). A sua capacidade era de 16 mil toneladas de trigo e milho. Correspondia, na época, a cerca de 3 meses de consumo.

A coisa nunca correu bem, devido a um modelo de gestão estatizante e incompetente. O Estado a ser Estado. A EPAC estava falida e a APRAM acabou por comprar os silos ao tesouro nacional por um balúrdio, num negócio imposto pelo Governo Regional e de contornos estapafúrdios, que noutra ocasião poderemos esmiuçar.

A Madeira faz parte do mundo, não é o seu umbigo, embora haja quem assim pense. Fazemos parte de um todo global. O bater de asas de uma borboleta na China, pode provocar uma tempestade entre nós. Uma guerra na Ucrânia tem o efeito que todos sentimos. Os assuntos têm que ser pensados abrangentemente. Pensar globalmente, para poder agir localmente.

Pensar as coisas, apoiando esse pensamento nos melhores cenários, dá sempre mau resultado. Dependemos de inúmeros factores e como cereja no topo do bolo, temos o facto de sermos território insular, com todos os problemas que isso acarreta, com os transportes à cabeça.

Uma reserva estratégica regional de cereais, tem uma grande importância. É urgente sentar à mesa todos os intervenientes neste processo, da indústria panificadora à de transformação, da de rações às entidades oficiais e criar um plano que, rapidamente, crie esta reserva”, conclui Nuno Morna.