Estepilha: funcionário da RTP-M patrocina livro da estação televisiva

Foto ALRAM
Rui Marote
O presidente da Assembleia Regional, José Manuel Rodrigues, tem vindo a ser acusado de despesismo. A Assembleia é uma segunda Direcção Regional de Cultura: estatisticamente, tem patrocinado e efectuado mais eventos que aquele departamento governativo. Em certo sentido, foi uma golfada de ar fresco: gastou em Cultura o que normalmente era gasto em pedidos de pareceres a constitucionalistas e juristas, entre eles Marcelo Rebelo de Sousa, aos quais recorreram os anteriores presidentes do Parlamento Regional.
JMR dá música ao povo, promove exposições, patrocina novas publicações, conferências, distribui donativos a instituições… enfim, uma autêntica rainha Santa Isabel pela sua imensa bondade. Até que o Tribunal de Contas lhe bata à porta. Não esqueçamos que a Assembleia vive do orçamento regional.
Mas vamos ao sujeito da oração: José Manuel Rodrigues recebeu o presidente da RTP Nicolau Santos, que esteve recentemente na Madeira, com “promessas” de novos investimentos no ano que se comemora o 50 aniversário da RTP.
Da reunião com José Manuel Rodrigues resultou também a possibilidade de a ALRAM ajudar na edição e distribuição de um livro alusivo ao meio século de actividade da RTP-Madeira, que se entrecruza com a história do arquipélago nesse período.
Nos novos investimentos começa pelo livro. O funcionário da estação televisiva, como bom Samaritano vai contribuir para que o livro possa ser editado.
Vamos a mais uma historieta das nossas: quando em 1997 o autor deste Estepilha chegou à Junta de Freguesia de São Pedro, que vivia de 40 mil contos anuais do orçamento do estado, a verba era utilizada no pagamento de duas funcionárias e restava muito pouco. Casa, luz e água era responsabilidade da Câmara do Funchal.
A Junta vivia de um subsidio trimestral que a CMF distribuía, no valor de 900 contos.
Certo dia uma funcionária abordou-me: – “Sr. Marote, há uns cheques para assinar dos bolseiros. São
15.000$00 trimestralmente”.
“- Quem dá bolsas a estudantes universitários é a Secretaria da Educação” retruquei. “A Junta dá lápis, borrachas, canetas e cadernos ao ensino primário. Traga-me então os nomes dos bolseiros”, pedi. “Quem esta senhora?” “É a filha do presidente cessante da Junta”, disse-me. “E este senhor?” “É o filho do secretário cessante da Junta”.
“Não assino nada”, disse. “Quando o Dr. Estudante chegar de Bruxelas que resolva”.
Conclusão: Como estávamos a meio do ano lectivo, em reunião de Junta foi decidido efectuar o pagamento até o final do corrente ano lectivo acabando depois com esta rubrica.
Quando cheguei à Camara  no tempo de Sá Fernandes presidente, não existiam consultores jurídicos. Quando a Assembleia Municipal tinha um problema, a Assembleia era suspensa para o presidente consultar os juristas na Rua Padre Gonçalves da Câmara, que trabalhavam por avença.
As Câmaras e as Juntas viviam com orçamentos que não davam para mandar cantar um cego.
O Governo Regional no tempo das vacas gordas fazia obra e as Câmaras limitavam a inaugurar. Foi o caso da cota 40. Eram todos da mesma cor, como o slogan da Benetton. todos diferentes mas todos iguais…
Para quê esta lição de moral? Tão só para exemplificar que quando se vai para lugares públicos, não é para se fazer favores a amigos, conhecidos e afilhados. Nem a empregadores. É claro que o Estepilha não ousa insinuar que seja isso que está a acontecer no presente caso… Deus nos livre!