Balamento ou belamente… jogo da Páscoa

Rui Marote
Era uma tradição de Páscoa; segundo o historiador Alberto Vieira “balamento” significa o acto de fazer “balas”, e poderá ser tão antiga como a nossa época áurea da produção do acúcar, durante a qual houve madeirenses que foram para o Brasil e lá iniciaram aquela indústria com engenhos
.Portanto quem perdesse o jogo ,teria de fabricar “balas”, ou seja, no Brasil, doces. Por isso ,o ganhador dizia em voz alta: “balamento”, normalmente apontando o dedo – sinal de obrigação.
Não esqueçamos que a cana de açúcar foi levada da Madeira, mais precisamente de São Vicente, para o o Brasil em 1537, para a cidade de Pernambuco.
O balamento ou “belamente”, como é particularmente designado, é um jogo madeirense que se realiza entre duas pessoas, 8 a 10 dias antes do términus da Páscoa. Hoje arriscando-se mesmo a desaparecer esta tradição, que vai ficando esquecida.
Como é um jogo oral, quanto à verdadeira pronunciação da palavra e a sua origem é difícil de chegar a um consenso. Há quem diga que “balamento” é a versão alterada pelo sotaque do ilhéu de “belamente” (referindo-se à pessoa que se lembra de dizer primeiro) outros defendem que se refere ao conjunto dos doces ou “balas” que recebem no fim. E que supostamente o jogo veio do Brasil para as ilhas atlânticas da Madeira e Açores.
Mas o que é o jogo, afinal?
Trata-se de uma brincadeira entre duas pessoas que após combinada a hora do dia, saúdam-se com a palavra “belamente “ou “balamento”. Muitas vezes, chegam ao ponto de esconderem-se para apanharem desprevenido o parceiro. Quem disser primeiro a palavra ganha um ponto.
Há quem jogue três vezes por dia de manhã, à tarde e à noite. Ganha quem chegar primeiro aos 20 pontos.
Em caso de empate os jogadores deverão combinar no último dia (Sexta Feira Santa) uma determinada hora, para voltar a jogar e apurar quem vence. O vencido é obrigado a oferecer os tradicionais “torrões” de açúcar ou mais recentemente amêndoas ou outros doces.
No Brasil ainda hoje a palavra rebuçado é substituída por “bala”.