Estepilha, se esta foto fosse actual… talvez significasse que o CDS ainda existe

Rui Marote
Os leitores já localizaram esta foto de 1944 do Museu Vicentes? A rua continua com o mesmo nome, “Mouraria”, e os edifícios continuam com as mesmas fachadas. Ao lado direito, um aglomerado de povo junto a uma mercearia de nome Costa, que já não existe. É actualmente uma padaria e confeitaria.
Ao lado esquerdo, um polícia junto a uma porta onde hoje é a sede do partido político Centro Democrático e Social (CDS).
Esta aglomeração de populares documenta o surto migratório para Curaçao. Trata-se de uma imagem da Foto Figueiras que teve particular expressão na década de 40 do século XX. A migração devia-se à oferta de emprego na indústria petrolífera, pela Royal Company Shell. Desde 1929 que a citada refinaria atraía emigrantes madeirenses, tendo ao longo de 20 anos captado na Madeira uma força de trabalho expressiva, superior a quatro mil pessoas.
Nos dias 14 e 15 de Março de 1944 dirigiram-se à sede da Policia de Vigilância e Defesa do Estado (então PVDE, mais tarde PIDE) para aí apresentar os seus cumprimentos de despedida e manifestar o seu reconhecimento pelas facilidades concedidas nos seus respectivos vistos.
Estepilha! Com o 25 de Abril tudo mudou!!! Fascismo nunca mais!!!
Nos tempos que decorrem, não existe já multidão de pessoas em frente à sede do CDS, nem sequer para o Conselho Regional, porque os centristas reúnem-se em salas de hotéis e o presidente já traz tudo cozinhado e aprovado com o comunicado já elaborado a ser distribuído à comunicação social.
As únicas movimentações são desvinculações, que vão chegando, não sendo necessário à porta qualquer força de segurança. Estepilha, qualquer coincidência é mera semelhança. Em 1945 a emigração madeirense atingiu o seu pico totalizando 2.769 pessoas o que representa 46% dos emigrantes nesse ano. O Estepilha interpela, como quem não quer a coisa: quantos militantes tem o CDS Madeira ???