Segundo ou Terceiro lugar?

Deixem-me começar por fazer-vos uma pergunta: Estão nos Jogos Olímpicos a competir. Qual será o cenário que trará mais felicidade? Ficar em segundo lugar ou em terceiro?

A nossa infelicidade, sob a forma de frustração, culpa ou outra variação negativa é gerada pela nossa decepção. Esta última não é mais do que o resultado da realidade estar aquém das nossas expectativas. Contudo, sempre que as nossas expectativas da realidade são superiores à nossa experiência ficamos, de uma forma simples, infelizes, insatisfeitos.

Para qualquer cenário da nossa vida criamos expectativas com base em três aspectos: a nossa imaginação; os outros; e o nosso passado.

Quanto à nossa imaginação, tomemos como exemplo a pergunta que vos fiz sobre os resultados nos Jogos Olímpicos. Ficar em segundo lugar em qualquer competição é estar acompanhado de dissabor. Imaginar a vitória máxima, a superação a aclamação… e perder tudo quando estávamos mesmo ali tão perto! Pelo oposto ganhar um terceiro lugar é um logro vitória. Neste cenário o pensamento passa a ser: lutar para chegar ao pódio, para não ficar em quarto lugar e ser esquecido entre tantos outros lugares e tantas outras promessas. Vários estudos compravam que a satisfação e a felicidade de obter uma medalha de bronze são superiores à sensação de derrota obtida pelos primeiros vencidos, apenas pelo incumprimento da expectativa imaginada.

Quando nos comparamos com os outros e emitimos julgamentos somos novamente confrontados com esta noção. Se eu receber um aumento de 100€ e todos os meus colegas receberem um aumento de 150€, por comparação vou inferiorizar-me. Se eu receber um aumento de 100€ e mais ninguém receber sairei vitorioso. E se todos tivermos o mesmo aumento? Estarei verdadeiramente tão satisfeito?

O passado foi melhor do que o que vivemos no momento por comparação? Mas se estamos constantemente a evoluir, a avançar e crescer não deveríamos ser felizes pelo progresso, mesmo com falhas e quebras?

É importante termos representações realistas no campo profissional, termos equidade para lutarmos connosco e não com os outros. Se há coisa que o passado nos ensinou é que estamos constantemente a fazer péssimas previsões daquilo que nos faz felizes, e isso explica-se facilmente quando percebemos que ficaríamos mais felizes com um terceiro lugar e menos com um segundo (mesmo superando milhões de atletas e todo o mundo).

É primordial que a alinhemos com as nossas expectativas para podemos avaliar a forma como tomamos decisões. O primeiro passo deverá ser sempre pensar: O que é que me faz realmente feliz? O segundo passo será entendermos o valor que atribuímos aos objetivos.