Estepilha: “Crucifiquem-no!”

Rui Marote
No Largo da Fonte, no Monte, Miguel Gouveia enfrentou recentementer a indignação da população por causa do galho caído. Eles gritavam: “Crucifiquem-no!” Porém, o Estepilha tem ainda tem o disco rígido com muito espaço. Não é necessário fazer delete… Há muitas coisas a tomar em conta quando se trata destes assuntos.
Vamos voltar aos anos 80, no primeiro mandato de João Dantas na CMF, era então vereador do pelouro do Ambiente o engº Miguel Afonso.
Em 1985 os jardins da Avenida do Mar eram e continuam arborizados com plátanos originários da zona atlântica dos Estados Unidos. Esta é uma árvore de folhagem caducifólia de rápido desenvolvimento e dimensões que podem alcançar sem problemas os 30 a 40 metros de altura.
Os frutos chamam-se aquénios, sendo autênticas bolas, provocando por vezes reações alérgicas nos olhos e vias respiratórias das pessoas que passam por perto. Era esta então a maior causa invocada para os abater, substituindo-os por outras espécies que pudessem proporcionar sombra.
Eram então os plátanos podados periodicamente, muitas das vezes reduzidas quase a troncos, o que causava polémica, por causa das podas serem radicais, como se tivesse passado uma autêntica “ramona”.
Segunda reza a História, Miguel Afonso resolveu substituir os plátanos por palmeiras. Toca a plantar ao longo da marginal marítima um palmeiral, com o afastamento dos plátanos adultos de 1m50.
O objectivo era que quando atingissem uma certa altura, os plátanos fossem abatidos, e ficava a Avenida do Mar transformada paisagisticamente numa marginal caribenha.
As criticas choveram na imprensa, algumas sugerindo ironicamente também a importação de macacos. Passados 36 anos, os plátanos continuam nos mesmos locais. As palmeiras cresceram lado a lado, embora algumas fossem atacadas pela praga do escaravelho.
As imagens que hoje publicamos são a prova do que atrás foi citado. Os plátanos deixaram entretanto de ter podas radicais devido à acção de movimentos ambientalistas, alguns “importados”, como a Quercus, que o então presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, desvalorizava chamando-lhes “o movimento da cueca”.
Quanto às palmeiras ou coqueiros, é raro serem derrubados pelo vento, suportando velocidades do vento de até 135 Km/h.
Cortar uma árvore passou entretanto a ser um problema muito grave, suscitando todo o tipo de reacções indignadas. No entanto, recentemente a Rua do Bom Jesus foi alvo de uma grande intervenção do Município, abatendo todas as árvores naquela artéria.
As oposições fizeram disso bandeira na Assembleia Municipal, criticando duramente o abate. No entanto, em zonas urbanas as árvores que crescem demasiado e apresentam problemas estruturais ou causam prejuízo às casas com a queda de galhos e folhas têm de ser substituídas, e hoje temos uma rua com passeios largos, com as árvores jovens que entretanto substituíram as antigas já atingindo um crescimento notável. E já ninguém fala do assunto.
A velha marina do Funchal, também na época que atrás referimos, importou de Canárias coqueiros, que ainda hoje permanecem naquele espaço.
Estepilha, que a promessa de há 36 anos seja cumprida agora, finalmente: guerra declarada aos plátanos. E aproveitem agora, que até partidos como PAN e outros de tendência ambientalista já dizem Amen…