Água no Lido hoje parecia um esgoto a céu aberto

O Funchal Notícias deparou hoje, ao final da tarde, com uma situação lamentável e recorrente no Lido. As águas conspurcadas mais pareciam um esgoto a céu aberto. Uma verdadeira porcaria, para não pouparmos nos adjectivos, porque exigem cada vez mais ao jornalismo que seja objectivo e factual. Então, para sermos mesmo factuais, temos de reportar a situação como “um nojo” e “uma vergonha” que deveria fazer todos os madeirenses, e particularmente aqueles que têm alguma responsabilidade nisto, sentirem-se mesmo, mesmo mal.

De quem é a culpa? O FN não quer nem saber. Temos quase a certeza de que 90 e tal por cento dos cidadãos também não. Das câmaras municipais, da Direcção Regional do Ambiente, de Deus? Não estamos nem aí. Façam é algo para resolver este enxovalho que todos os madeirenses, e neste caso os habitantes do concelho mais populoso da Madeira, têm que passar: não terem hoje em dia quase um único lugar decente para banhar-se no mar, num fim-de-semana, no litoral do “Melhor Destino Insular do Mundo”, da Europa ou do bairro.

Mais de 30 e tal anos não foram suficientes para resolver este problema que se arrasta há anos infinitos e há sucessivas gestões camarárias. O facto é que, actualmente, pelo menos desde Câmara de Lobos a Santa Cruz, é quase inevitável, e mais frequente do que qualquer um desejaria, deparar-se com águas conspurcadas. A “Vox Populi” atribui-as a descargas, propositadas ou não, das Estações de Tratamento de Águas Residuais. Não temos certezas. Mas as manchas no mar são bem visíveis, como numa imagem que publicamos, obtida de uma câmara da NetMadeira, onde é perceptível uma aparente descarga, há cerca de três meses, em Câmara de Lobos. As marés encarregam-se de espalhar a porcaria em várias direcções. Se calhar ainda alguém vai dizer que se trata de lama, mas enfim.

Hoje, no Lido, “habitués” dos mergulhos vespertinos olhavam para o nojo que ia na água e culpavam “as descargas”, que “eles dizem que não fazem”, e apontavam o dedo aos funcionários que se referem às espumas suspeitas que podem ser vistas frequentemente à tona de água como “natural escuma marítima do mar a bater nas rochas”. Também já ouvimos essa conversa. E era isso mesmo que os tais “habitués” chamavam a isso, “conversa”, “cantigas”, “música”.

Mais revoltante era ver visitantes estrangeiros, apenas um ou dois, a nadar naquela “sopa”, talvez a fiar-se nos bons mares da Madeira, bastante publicitados. Talvez pensassem que não se tratava de verdadeira sujidade. Mas, como se não bastasse a revoltante “escuma”, o mar apresentava-se como se alguém nele tivesse despejado um oleão. Repetimos, nojento. As fotos captadas não fazem justiça ao que vimos.

Mais à frente, na Praia Formosa, a água estava também escura e nada transparente. Menos porca que no Lido, mas também decididamente conspurcada.

A quem pode dirigir o cidadão as suas orações? Não sabemos. Das bandas do Caniço, ainda ontem nos chegaram relatos de águas sujas na praia dos Reis Magos… Alertamos apenas as diversas forças políticas e todos os que têm responsabilidades, autárquicas ou não, neste período pré-eleitoral, que não se cansem tanto a enumerar o que foi feito nisto e naquilo, quantos buracos foram tapados nas estradas e etc. e tal. O madeirense da costa sul continua a deparar com a ausência de um lugar limpo para dar um mergulho numa tarde de fim-de-semana, numa estação estival, numa ilha. Isto é inaceitável. As pessoas não são parvas e lembrar-se-ão disso na hora de deitar o seu voto na urna. Achamos nós. De resto, quanto às referidas entidades, culpem-se umas às outras à vontade… Mas resolvam de uma vez o problema. E não tapem o sol com a peneira, nem ponham a raposa a guardar o galinheiro.

Recorde-se que até o presidente do Clube Naval do Funchal, António Fontes, anunciou recentemente ter apresentado queixa contra desconhecidos, no Ministério Público, por causa desta situação. Farto da porcaria que também chega às águas da Quinta Calaça.