Estepilha: jornalistas precisam de teste rápido para cobrir a chegada do “World Voyager”…

Uma cerimónia realizada no passado dia 1 de Junho nas Portas do Mar Ponta Delgada Açores (bem juntinhos) não respeitando distâncias. Foto Açoreano Oriental
Rui Marote
Para quebrar o jejum de mais de um ano, o cais sul da Pontinha recebe o navio de cruzeiro “World Voyager” na próxima quarta-feira, dia 9. Na maioria dos portos de cruzeiros na Europa, no Mundo nas vizinhas Canárias e nos Açores a indústria cruzeirista já circula. Mas queremos impressionar, somos um “povo superior”, a “Singapura do Atlântico” e toca a consultar o “breviário” e aplicar as regras sanitárias impostas pela pandemia. Ter vacina ou não vacina não é condição sine qua non… o que vale é o teste rápido. Mesmo para os que já foram vacinados duas vezes.
Estepilha, cada louco com a sua mania… ou como se diz no inglês de Sua Majestade, “each to his own”. O navio “World Voyager” vai realizar cruzeiros entre a Madeira e os Açores. A comunicação social foi convidada para cobrir a chegada… com uma série de requisitos .
A sessão de boas vindas e  de cumprimentos ao comandante contará  com Pedro Calado, vice-presidente do GR no cais, em vez de, como habitualmente, no navio.
Os jornalistas credenciados têm de realizar um teste rápido no dia anterior e apresentar o respectivo resultado negativo. E é proibido realizar entrevistas aos passageiros uma vez que as saídas serão feitas em “bolha”, anuncia-se.
Aos setenta e sete anos, a minha antiga professora D. Helena Caroço, uma algarvia de gema, era raro o dia em que não nos insultasse: “a massa encefálica dos madeirenses”, dizia, “era banana amassada com maracujá e papaia”.
Os madeirenses são “mais papistas que o Papa”.
Os trabalhadores da APRAM, do SEF e outros funcionários serão testados com um teste rápido? Temos dúvidas. O Te Deum que se irá realizar na Sé Catedral nas comemorações do 10 de Junho somente para convidados exigirá também teste rápido!?
Por este andar muito em breve os jornalistas serão obrigados a comprar um fato de apicultor, ou de protecção bacteriológica… aqui vamos.
Este navio atracou no passado dia 1 de Junho nas Portas do Mar em Ponta Delgada. O Estepilha contactou os colegas da RTP Açores, curioso, para se inteirar dos procedimentos adoptados naquela Região. Falámos com a colega destacada para a tarefa da respectiva reportagem, que nos informou que o convite partiu do representante do armador. Os jornalistas foram identificados à entrada, uma vez que se deslocaram no carro da empresa, tendo sido registado o número de matrícula. Efectuaram o serviço e regressaram à Redacção. Os passageiros estavam confinados à dita “bolha”, mas os repórteres não tiveram de realizar nenhum teste…
Um convite “envenenado”, portanto, aos jornalistas madeirenses: tanta burocracia e regras para ver o comandante e Pedro Calado trocar placas (galhardetes) e testemunhar o desembarque de cerca de 150 passageiros à distância, salvaguardados por uma “bolha” protectora para evitar contacto com a população…
A dita “bolha” a que os turistas dos cruzeiros estão remetidos faz-nos lembrar uma velha história: a empregada doméstica de minha mãe, a senhora Agostinha, comunicou um dia que ia dar uma volta à ilha na excursão da paróquia.
“Aproveita, vais gostar!”, recomendou minha mãe. A Agostinha não conhecia nenhuma freguesia fora do concelho do Funchal.”
Na semana seguinte a minha mãe questionou: -Gostaste da Ribeira Brava? “Não me lembro”. – E do Porto Moniz? “Não me lembro”… E de Santana? “Não me lembro”…
Resposta imediata da D. Conceição: “Oh rapariga, foste dentro de uma saca e vieste dentro de uma saca?” (risos).
Os passeios para os cruzeiristas, agendados para os pontos turísticos, serão  protegidos pelas forças de segurança? Estão proibidos de comprar um souvenir, beber uma Brisa Maracujá, levam uma ração (lanche) de combate? Que interessante contraste com os ingleses no Porto… nem 8 nem 88!!
Não querendo ser profeta da desgraça, estes cruzeiros estão “condenados” ao fracasso. Desejo que o cais sul e norte esteja repleto de cruzeiros todos os dias, mas por esta via, vamos esperar deitados porque sentados não chega… Estepilha!!