Estepilha: CDS-M e a parábola dos cinco talentos…

Rui Marote
Estepilha: Quem não conhece a parábola dos talentos que aparece nos Evangelhos? O actual CDS, que se diz partido cristão, é como o último servo: recebeu um talento, cavou um buraco no chão e escondeu o dinheiro do seu senhor…
O CDS Madeira tem algumas semelhanças com esta parábola. Nadou em dinheiro com o número de deputados, sendo o segundo partido da Madeira. Aplicou o dinheiro oferecendo cabazes, fazendo da sede um armazém de supermercado. Ofereceu medicamentos. Comprou pinheiros de Natal ao Diário. Foi pioneiro em campanhas com imagem do líder nas paragens dos autocarros. Jantares comícios de campanha em toda a ilha para o povo, oferecendo uma imagem de multidões.
A imagem do líder era tratada em estúdios no rectângulo. O povo comeu e bebeu e os votos no dia da verdade foram um desastre. Na assembleia apresentaram um projeto de revisão de verbas aos partidos, a que o PSD se opôs e que acabou por ganhar. Assim acabou a galinha dos ovos de ouro. O CDS tinha todos os anos apresentar as suas contas na sede nacional para serem enviadas ao Tribunal de Contas. Mas houve sempre problemas, falta de documentos, e justificações eram um desastre.
Falemos da sede: o Estepilha só conheceu três sedes ate o dia de hoje, a do escritório do engº Klut de Andrade, na Av. Arriaga, a da Rua 31 de Janeiro, e a actual na rua da Mouraria.
A sede actual, o prédio é da família Baltazar, um dos fundadores do CDS. Na altura era um edifício emblemático com muitas salas e situado numa artéria central da cidade. Foi estabelecida uma renda de escudos…
Este prédio antigo nunca foi restaurado, e o CDS  não tinha dinheiro para o fazer. Os telhados começaram a meter água e os tetos a abater, e quando “acordaram”, já era tarde.
O dr. Baltazar em vida sabia dos problemas e das negociatas de subaluguer de algumas salas para explicações. A sede chegou a ter um movimento diário de jovens, que muitos se interrogavam se era juventude do CDS…
Afastado das cúpulas do partido, um certo dia fui chamado para fazer a ponte entre o senhorio e a direcção do partido em virtude de existir falta de pagamento nas rendas… Armado em Egas Moniz, fui ao escritório do dr. Baltazar, o meu primeiro presidente, para chegar a um acordo e propor o aumento de renda.
Falámos abertamente, mas não deixei de ser alertado para o subaluguer. O amor do líder fundador era grande e “perdoou”. Sei que passados uns anos o CDS caiu novamente em” tentação”, ao ter rendas em falta. Não esqueço este desabafo do fundador: o prédio não é só meu mas também de outros familiares…
Hoje o prédio  tem os telhados e os tectos dos últimos andares destruídos. O actual líder manifestou não gastar um euro nisso, e anda à procura de novas instalações. A renda actual da sede ronda os 900 euros. É provável que o CDS se instale provisoriamente na rua Fernão de Ornelas, nas instalações do Instituto de Democracia e Liberdade (IDL), junto à Fundação Adelino Amaro da Costa…
Os tempos não são risonhos e o futuro, o Estepilha vê-o muito negro. O CDS já há alguns anos que utiliza salas de hotel para reuniões de diversos órgãos do partido, o quartel general já foi o Porto Bay, hoje é o Meliá Hotel.
Estepilha, voltando à parábola, não devemos desperdiçar as oportunidades que nos aparecem…
14 “E também será como um homem que, ao sair de viagem, chamou seus servos e confiou-lhes os seus bens. 15 A um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um; a cada um de acordo com a sua capacidade. Em seguida partiu de viagem. 16 O que havia recebido cinco talentos saiu imediatamente, aplicou-os, e ganhou mais cinco. 17 Também o que tinha dois talentos ganhou mais dois. 18 Mas o que tinha recebido um talento saiu, cavou um buraco no chão e escondeu o dinheiro do seu senhor.
Por isso acabou por ser repreendido… Além de esconder o que recebeu, esqueceu-se de o aplicar em algo válido…