Estepilha: maldito Covid… nem balamento!!

Rui Marote
Estepilha, as tradições foram abaladas pelo confinamento e estado de emergência. O balamento, pião, visita às montras decoradas e até o almoço de domingo de Páscoa, pelo segundo ano consecutivo, levam um afastamento, sem que ninguém preveja para quando poderá ocorrer um regresso à normalidade.
As tradições Pascais na Madeira faziam-nos reviver memórias dos nossos antepassados cristãos e dar continuidade a celebrações antigas.
A tradição está associada à entrada de Jesus em Jerusalém para celebrar a Páscoa com ramos de oliveira e palmeira, porque representa a vitória dos mártires, ou a vitória do espirito sobre a carne.
Ao falarmos há dias com um comerciante no centro do Funchal lamentava-se este: “Não há uma montra decorada. Por esta altura estavam engalanadas de quinta- feira até segunda-feira de Páscoa”. Havia lojas que até estavam encerradas devido à decoração, que ocupava todo o espaço comercial, visitadas por milhares de madeirenses. Casa Tavares, Dois Amigos, Casa das Noivas, Casa Phoebus, Londrina,Maison Blanche, Casa Africana e outras era o roteiro, após a visita às igrejas na Quinta-feira Santa.
O “Balamento” jogava-se durante a Quaresma até sexta-feira antes da Páscoa desta época festiva, era um jogo tradicional entre famílias.
Diariamente, o jogador tem de dizer a palavra “Balamento” quando o adversário está distraído, e o participante que for mais rápido ganha um ponto. Quem perder terá de oferecer, normalmente, um pacote de amêndoas.
O Pião praticava-se nesta época em freguesias do campo.
Na Quinta-feira Santa, dia em que Jesus teve a sua última ceia, comia-se pão e peixe ao jantar para associar à multiplicação que Jesus fez destes alimentos.
Na Sexta-feira é o dia da crucificação, era “proibido” trabalhar, recordo, até varrer não se fazia… Praticava-se o jejum com base na abstinência de carne, ia-se assistir à missa e à procissão do enterro do Senhor. Era proibido ouvir mísica e comer o bacalhau com inhame e grão de bico.
Sábado de Aleluia era a “Vigília Pascal “e o destapar dos Santos.
Domingo de Páscoa assistiam-se a cerimónias religiosas e comia-se o cabrito assado com bom vinho, bem como os torrões de açúcar, as amêndoas e ovos de Páscoa e bolos com a erva doce.
O Estepilha deseja a todos os seus leitores uma Santa Páscoa! Cuidem-se porque a vitória do Bem sobre Mal está próxima…