PS perde maioria absoluta nos Açores; é possível uma “geringonça” de direita

Foto Rui Marote (arquivo): Vasco Cordeiro, aqui com Albuquerque durante uma visita à Madeira, numericamente ganhou; mas a direita toda tem mais deputados, o que abre a possibilidade de uma “geringonça” regional nos Açores.

O presidente do PSD, Rui Rio, destacou hoje “o resultado francamente positivo” nas eleições regionais dos Açores, considerando que a perda da maioria absoluta do PS mostra “um notório desgaste do governo regional” socialista, tal como do executivo nacional. Na sede do PSD/Porto, e citado pela agência Lusa, Rui Rio falou aos jornalistas pouco depois de se conhecerem os resultados finais das eleições dos Açores, nas quais o PS perdeu a maioria absoluta, elegendo 25 deputados do total de 57 parlamentares da Assembleia Legislativa Regional.

O resultado reconfigura a possibilidade de uma “geringonça” à direita nos Açores, uma vez que, para já, não está excluída a possibilidade de alianças com outros partidos por parte da liderança regional do PSD-Açores, e dado o facto de que toda a direita junta – incluindo o Chega – acaba por ter maioria no parlamento. Entretanto, o CDS contrariou as sondagens e posicionou-se com 5,5% dos votos, o que naturalmente agrada à liderança do partido.

Vasco Cordeiro, que vai para um terceiro mandato, terá de deparar-se com uma realidade complexa: apesar de congratulado por António Costa pela sua sétima vitória, a mesma pode acabar por não se traduzir no governo dos Açores. Um entendimento à direita permitiria obter os 29 deputados necessários para conseguir tirar-lhe a governação. Costa, por seu turno, diz que os açorianos é que têm de construir as soluções de governo. Entretanto, a esquerda fica enfraquecida em mais do que uma maneira: o PCP, por exemplo, fica fora do parlamento, perdendo o único deputado que tinha no hemiciclo dos Açores. Já a Iniciativa Liberal, o Chega e o PAN entram na Assembleia Legislativa Regional, onde antes não estavam representados.

A abstenção acaba por ser a grande vencedora da noite, com 54,58%, embora inferior à de 2016. Há 24 anos que o PS vencia eleições nos Açores, e há duas décadas, com maioria absoluta. O resultado desta noite foi pesado para o PS.

Os socialistas obtiveram 39,13%. Já o PSD conseguiu, 33,74%, o CDS 5,51%, o Chega 5,06%, BE 3,82%, PPM 2,34%, Iniciativa Liberal 1,93% e PAN 1,93%.

José Manuel Bolieiro, líder do PSD-Açores, deixou a porta aberta em declarações aos jornalistas, quanto à possibilidade de um entendimento com outras forças políticas. Já um tal entendimento, a verificar-se à esquerda, não permitiria tantos votos quantos os da direita, se esta, fragmentada, se souber efectivamente unir. De qualquer modo, as coisas não estão risonhas para Vasco Cordeiro, cuja tarefa de governar não se mostrará certamente facilitada. Porém, Vasco Cordeiro, no seu discurso da noite, enfatizou que a escolha do povo açoriano recaiu no PS, pelo que se congratulou pela vitória do seu partido.
Da sua parte, o presidente do PS-Madeira, Paulo Cafôfo, felicitou o PS dos Açores pelo resultado neste acto eleitoral, “tendo a certeza que o PS continuará a pugnar intransigentemente pela defesa da Autonomia e dos interesses dos açorianos, garantindo as melhores condições de vida para a sua população, no novo quadro partidário eleito para a Assembleia Legislativa dos Açores”.
“Ao Partido Socialista dos Açores e a todos os seus eleitos, em particular o presidente Vasco Cordeiro, o PS-Madeira endereça votos dos maiores sucessos, expressando a nossa total solidariedade e apoio para o novo mandato que irão iniciar”, declarou Cafôfo.