Unidade de Rastreio e Vigilância à COVID 19: breve testemunho sobre uma feliz e orgulhosa experiência aeroportuária

 

É manifestamente estranha a propensão Humana para valorizar erros em detrimento do que de mais positivo acontece na Vida, seja em que contexto social for. É paradoxal, infelizmente, mas uma realidade constante. A narrativa que se segue pretende ser sobretudo a antítese desse “comum fatalismo”, valorizando, sobre a questão em análise, o que há para valorizar e reconhecer o que dever ser publicamente reconhecido.

No passado dia 18 de agosto regressei à Madeira, após breve deslocação ao Continente para rever familiares e amigos, pois também disso a amaldiçoada Pandemia me tem privado! Confesso que, depois de tanto tempo sem viajar, estava algo apreensivo quanto ao facto de “voltar a voar”, não pela experiência aérea propriamente dita, pois são já abundantes as horas de voo, mas pela circunstância de o fazer em TEMPO de COVID – 19! Relativamente à ida (dia 11 de agosto), desde o Check-in ao embarque com destino à cidade do Porto, guardo o sentimento de tranquilidade experimentado, certamente promovido e garantido pelo ambiente de segurança sanitária existente em toda a estrutura aeroportuária, decerto consequência do escrupuloso cumprimento das mais elementares e rigorosas normas e procedimentos em vigor no Aeroporto Internacional da Madeira – Cristiano Ronaldo. Da viagem de regresso, e centrando-me aqui exclusivamente na experiência pessoal vivida em território aeroportuário madeirense, mais concretamente no seio da Unidade de Rastreio e Vigilância (URV) à COVID-19, estrutura de Saúde Regional montada e a operar no principal aeroporto da Região, enfatizo e enalteço, pois é esta a minha obrigação enquanto cidadão, a feliz e orgulhosa experiência junto da aludida Unidade – recordo que esta estrutura de saúde tem desenvolvido, desde 1 de Julho, o rastreio e vigilância epidemiológica aos passageiros desembarcados na Madeira, através de uma intervenção ajustada a dois circuitos diferentes – um para passageiros com teste PCR de despiste ao SARS-CoV – 2 realizado até 72 horas antes do embarque para a Região (neste âmbito devem apresentar comprovativo da realização do referido teste com resultado negativo) e um segundo para passageiros chegados à Madeira sem teste realizado (que foi o meu caso!). Quanto à dimensão “felicidade”, e excluindo aqui o natural contentamento por regressar a “CASA”, evidencio a ambiência de serenidade, segurança e notável organização geral que graça nas mais variadas instalações ou serviços existentes na nossa principal porta de entrada da Região, que é obviamente o Aeroporto (atrevo-me a dizer que tal atmosfera funcionou como que um contexto de “exorcização” dos muitos “fantasmas” gerados à volta da Pandemia e das situações ansiogénicas e stressantes que a mesma tem vindo globalmente a desencadear). Quanto à dimensão “orgulho”, sublinho a natureza e o registo de operatividade da URV em questão, consubstanciados naquilo que qualquer serviço ou resposta pública em saúde deve integrar e oferecer aos cidadãos, sejam eles nacionais ou estrangeiros. Refiro-me, portanto, à essência e funcionalidade da referida estrutura de saúde, com expressão real de competência ao nível do “Saber”, do “Saber-Fazer” e do “Saber-Ser”. Relativamente ao “Saber” (dimensão intrinsecamente ligada ao conhecimento, métodos, processos, políticas, procedimentos, etc.), porque a URV assenta, seguramente, em bases e princípios técnico-científicos e metodologicamente validados, alicerces fundamentais ao desenho e/ou concepção de qualquer Projecto em Saúde (sempre sujeitos à observância das fases de diagnóstico, planeamento, implementação/execução e avaliação). No que concerne ao “Saber-Fazer” (domínio relacionado com a capacidade de pôr em prática o conhecimento e gerar resultados), expresso aqui a competência evidenciada por todos os profissionais de saúde e seus colaboradores em todo o processo após o desembarque sem teste, isto é, desde a ocasião do registo pessoal na plataforma informática, já em solo madeirense, com recurso à utilização da aplicação web (“Madeira Safe”), até à comunicação do resultado individual da análise laboratorial efectuada, após recolha de amostra biológica à chegada (processo integralmente concluído num período de tempo ≤ 10 horas).

Finalmente, e no que respeita ao “Saber-Ser” (grandeza referente a atitudes e comportamentos), de exaltar o registo comportamental, relacional de todos os elementos adstritos à Unidade (técnicos de saúde) e demais pessoal não técnico que lhe dá apoio, proporcionando ambientes de incontestável humanidade e hospitalidade, tão necessários em circunstâncias susceptíveis de gerar alguma tensão e/ou desgaste emocional.

E porque o presente relato possui também propósitos informativos, ficam aqui, do modo mais sintetizado possível, os momentos mais significativos do trajecto por mim efectuado no regresso à Região (dia 18 de agosto), com a obrigatória passagem pela URV para realização de teste PCR de despiste ao SARS-CoV-2.

Momento 1Viagem Porto – “Funchal” – Partida: 9:45 – Chegada:11:40 (Durante o trajecto: utilização obrigatória e permanente de máscara; higienização das mãos; etiqueta respiratória; distanciamento social possível em contexto de avião; preenchimento obrigatório de impresso (“Cartão de Localização de Passageiro”) destinado à recolha de dados de cada passageiro, apenas utilizáveis pelas Autoridades de Saúde de Portugal para fins de vigilância de contactos, somente em situação de conhecimento e/ou confirmação posterior de algum caso de COVID – 19 a bordo).

Momento 2 – 11:50 – Registo na Plataforma “Madeira Safe” (registo efectuado por colaborador com recurso a equipamento informático do Staff de apoio à URV – ≤ 5 minutos) – validação pessoal realizada com recurso a Telemóvel ou PC, fornecidos os respectivos códigos para o efeito.

Momento 3Entrada e saída do circuito para realização de teste PCR de despiste ao SARS-CoV-2 – prevê um conjunto de procedimentos técnicos e administrativos inerentes ao processo testagem/triagem (≤ 15 minutos).

Momento 4Regresso a casa em viatura familiar (exclusivamente com condutor e passageiro) com o distanciamento social possível (banco traseiro) e uso obrigatório de máscara por parte de ambos os ocupantes.

Momento 5Isolamento domiciliar até obtenção do resultado do Teste.

Momento 6 – 21:42 Comunicação, via e-mail, do resultado do Teste.

Momento 7 – Desde 19 de agosto, acesso e registo diários na Plataforma “Madeira Safe”, e por um período de 14 dias, para confirmação da não alteração do estado de saúde ou, pelo contrário, comunicação de eventuais mudanças do mesmo, caso venham a verificar-se.

 

A propósito, e para gáudio de todos, porque é assim que qualquer situação destas deve ser vivida e encarada, testei NEGATIVO!

*Para melhor compreensão do assunto aqui abordado, aconselha-se leitura e análise da Resolução Governamental n.º 551/2020 que “Declara, na sequência da situação epidemiológica da COVID-19, a situação de calamidade em todo o território da Região, com o intuito de promover a contenção da pandemia COVID-19, e prevenir o contágio e a propagação da doença, com efeitos a partir das 0:00 horas do dia 1 de agosto de 2020 até às 23:59 horas do dia 31 de agosto de 2020, bem como define o âmbito material, temporal e territorial da mesma.”