Entrevista a Paulo Cafôfo (1): “Não faria qualquer sentido ser candidato à Câmara do Funchal”

FOTOS RUI MAROTE

Era independente. Filiou-se no PS a 8 de novembro de 2019, proposto pelo secretário-geral do partido, António Costa.

Agora, com a moção “Avançar a Madeira pelas pessoas”, será o novo presidente do PS-Madeira.

As eleições internas acontecem no próximo sábado, dias 25 de julho de 2020. Irá suceder a Emanuel Câmara que foi eleito líder do PS-Madeira a 20 Janeiro de 2018 em internas então disputadas com Carlos Pereira.

Neste dia, serão eleitos o novo presidente do PS-M, a presidente e a Comissão Política do Departamento Regional das Mulheres Socialistas da Madeira e ainda os delegados ao XIX Congresso Regional do partido.

Em entrevista ao Funchal Notícias, Paulo Cafôfo disse que não faz sentido regressar ao lugar onde foi feliz (Câmara do Funchal).

FUNCHAL NOTÍCIAS: As eleições para a escolha do novo presidente do PS-Madeira acontecem a 25 de julho. Correr sozinho não é estranho?

PAULO CAFÔFO: É com muita honra e sentido de responsabilidade que me candidato a Presidente do PS Madeira, um desafio pessoal que quero que seja um desafio coletivo de todas e todos os militantes, de modo a continuarmos a superar os objetivos do partido de mudança e transformação política da Região, com prioridade neste mandato para eleições autárquicas. Queremos não apenas manter as atuais autarquias onde somos executivo, nomeadamente Ponta do Sol, Machico, Porto Moniz e Funchal, onde integramos a Coligação Confiança, mas também aumentar o nosso número de autarcas eleitos, apresentando candidaturas com projetos autárquicos qualificados e reconhecidos pelas populações locais.

Estou muito satisfeito com o facto de termos um número recorde de subscrições de uma candidatura ao PS Madeira, com mais de 1100 militantes a terem assinado a declaração de apoio, e estou muito satisfeito por termos o maior número de sempre de militantes com capacidade eleitoral para votar no dia 25 de julho. Significa isto que o PS está mobilizado, os militantes estão muito motivados para este ato eleitoral, mas acima de tudo estão motivados e mobilizados para os desafios eleitorais que temos pela frente, em particular as Autárquicas, e vão dar um voto de confiança para o futuro.

Se correr sozinho é estranho, não tenho propriamente uma resposta para isso, pois trabalhámos para apresentar uma candidatura forte e mobilizadora dos militantes independentemente de haver outros candidatos, e diria que atingimos com sucesso esse objetivo.

FN: Houve conversas com o putativo candidato, Carlos Jardim para que este fosse demovido a não concorrer à liderança do PS-Madeira? 

Não tive qualquer conversa, nem ninguém do meu círculo próximo de decisão, nem teríamos de ter. Apenas li a justificação que divulgou publicamente.

FN: Conta revitalizar as concelhias e pô-las aos serviços de um projecto ganhador? 

P.C: As Concelhias e as Secções de Freguesia têm um papel fundamental na dinamização de todo o partido a nível regional. Como Presidente da Câmara do Funchal sempre compreendi a importância destes órgãos partidários, na envolvência e participação dos militantes nas reuniões, debates e eventos do partido, e acima de tudo pelas suas competências próprias nas políticas e decisões autárquicas. Cabe ao Presidente do PS Madeira e aos órgãos de direção que serão eleitos dotar as estruturas de base de todas as condições, nomeadamente para poderem fazer um trabalho eficaz ao nível da sua comunicação e organização local. Tenho a certeza que teremos equipas motivadas e empenhadas nas Concelhias para o processo autárquico, e esse é o primeiro passo para o sucesso eleitoral que preconizamos. Aquilo que os nossos militantes me transmitem pessoalmente é que se revêm no nosso projeto para o partido, e acreditam que podemos fazer a diferença e mudar a Região. Isso significa confiança que vamos continuar a crescer, seja em número de militantes e ativistas do partido, e crescer a nível eleitoral.

FN: O que será um bom resultado do PS-M nas Autárquicas de 2021? 

P.C: Como referi, o nosso objetivo principal é manter as nossas atuais autarquias e aumentar o número de eleitos do partido. Vamos apresentar candidaturas com qualidade e dinâmica para ter o melhor resultado possível em toda a região.

FN: O PS vai sozinho ou em coligações? Ou irá abdicar nalguns concelhos/freguesias em prol de movimentos “independentes”? 

P.C: A moção de estratégia global que irei levar a Congresso defende como orientação política a possibilidade de formarmos coligações pré-eleitorais, como é o caso do Funchal, e avaliar a possibilidade de apoiarmos candidaturas independentes se considerarmos serem uma mais valia para a população local. Naturalmente esse é um processo que será feito com serenidade, rigor, com uma discussão interna abrangente, de modo a que as decisões tomadas sejam as mais consensuais possíveis. As eleições autárquicas têm particularidades próprias, e tudo irá ser decidido no seu tempo próprio, e de forma coletiva nos órgãos próprios do partido.

FN: O líder do PS-M não deveria ser o candidato “natural” à Câmara do Funchal em 2021? 

P.C.: Não faria qualquer sentido ser candidato à Câmara do Funchal, quando renunciei ao mandato no ano passado, e quando o objetivo é ganhar as próximas eleições regionais para construirmos a mudança que a Madeira precisa. Mas mais importante, preparei uma sucessão no Miguel Silva Gouveia, que está a fazer um trabalho de excelência, tem a confiança do PS e das estruturas de base do Funchal, e não tenho dúvidas que irá ganhar com todo o mérito as próximas eleições, porque o Funchal merece a continuação do projeto e das políticas que ele está a executar. Tem um plano estratégico bem definido para a próxima década, com um investimento previsto de 300 Milhões de Euros, apostando na regeneração e reabilitação urbana, na modernização administrativa, na educação e cultura, no ambiente e na causa animal, no aumento do investimento nas políticas sociais e de capacitação, na mobilidade e prevenção de riscos, na renovação dos sistemas de água e saneamento, mantendo uma gestão financeira rigorosa.

Neste momento o Executivo liderado pelo Miguel Silva Gouveia tem 29 Milhões de Euros de obras no terreno, seja nas redes de água, na reabilitação de vários edifícios como é o exemplo da Estação do Monte, do Matadouro ao final de décadas de abandono, está a concluir a requalificação do Museu de História Natural, está com um número de obras nunca vista nas zonas altas do Funchal, ao mesmo tempo que tem conseguido rejuvenescer o quadro de pessoal, investido na modernização dos equipamentos e logística municipal, e com projetos absolutamente inovadores por exemplo na área de economia e ambiente, além de ter reduzido a dívida global da CMF em 70 Milhões de Euros. É um autarca exemplar, e não sou apenas eu que o digo, são os próprios dirigentes e autarcas do PSD que o consideram. O trabalho realizado na Câmara Municipal do Funchal é um exemplo a nível nacional, e basta observar os prémios e distinções que tem recebido em inúmeras áreas. (cont.)