José Manuel Rodrigues tece rasgados elogios a Jardim como “combatente da Autonomia”


Foto Gregório Cunha

O presidente da Assembleia Legislativa da Madeira considerou hoje Alberto João Jardim “o Homem que mais fez pela Autonomia da Região nos últimos 44 anos”. “Como combatente da Autonomia, como defensor do povo da Madeira e do Porto Santo, o senhor foi e é o melhor de todos nós”, declarou ainda. Foi no início de uma conferência intitulada “Autonomia – Que Futuro”, que trouxe novamente, e no espaço de poucos dias, o antigo presidente do Governo Regional ao parlamento.

Na abertura da sessão que decorre neste momento no Salão Nobre da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues não poupou nos encómios: “O Dr. Alberto João Jardim, até pelo tempo que ocupou o cargo de Presidente do Governo, encarna a própria Autonomia. Mais, é o rosto do desenvolvimento da Madeira e do Porto Santo”.

Admitindo que discordou do anterior chefe do Executivo “tantas vezes”, a propósito “da forma musculada como exercia com autoritarismo o poder ou da sua governação despesista, pouco dada a rigores orçamentais”, considerou no entanto que ninguém pode negar “o seu profundo apego às nossas ilhas e como contribuiu para que tivéssemos orgulho na nossa condição de ilhéus”.

“O madeirismo, qual nova ideologia, foi um dos segredos da sua longevidade política. O madeirismo que unia pessoas de diferentes quadrantes políticos”, declarou.

Entre outras considerações, José Manuel Rodrigues diz que Jardim “soube alimentar a dialética com o Terreiro do Paço para alcançar mais financiamentos para obras públicas e para consolidar o seu poder na Região.Foi a dita Revolução tranquila que transformou a Madeira e o Porto Santo. Mesmo quando errou, e aconteceu algumas vezes, julgo que o fez, estando convencido que esse era o melhor caminho para servir as populações”.

Afirmando que mantém com Alberto João Jardim uma amizade “desde os tempos do Jornal da Madeira”, disse ter sido porém “vítima da truculência verbal” do antigo presidente, mas , acrescentou, “há coisas que só nós sabemos e que, ainda, não podem ser contadas. Talvez um dia possamos cruzar as nossas memórias mais secretas”, prometeu.

Recordando uma opinião que escreveu há anos sobre Jardim num matutino madeirense, citou: “Critico o seu quero, mando e posso, a sua apetência pelo autoritarismo, a sua por vezes razão absoluta, a sua Madeira Nova que criou novos ricos e manteve velhos pobres, a sua loucura desenvolvimentista que dá cabo da ilha romântica, a estatização da economia, a dependência da sociedade civil do poder político, os seus ataques aos jornalistas” acrescentando, porém, de seguida: “Devo elogiar o seu apego à Madeira, a sua defesa da Autonomia, a sua visão em 1978 ao fazer chegar a luz, a água, a educação, a saúde a todo o arquipélago, por forma a que as populações acreditassem nos regimes democrático e autonómico, a pressão que exerceu para a adesão plena da Região à Comunidade Europeia, quando outros hesitavam, o seu discurso pragmático e a sua habilidade negocial”.

“Nesse artigo, sugestivamente, titulado “Contradição” finalizava, escrevendo: “Em boa verdade pode dizer-se que há uma Madeira antes de Jardim e uma Madeira depois de Jardim. Sem nunca cortar com o passado, a quem o ligam laços familiares e políticos, ele soube construir um projecto de futuro e abrir novos rumos para a Região”.

“Vinte e sete anos depois, penso o mesmo, poderia escrever o mesmo, sabendo, como é óbvio, que o nosso convidado não se reverá, totalmente, no retrato. Mas julgo, apesar de tudo, que fui justo na minha apreciação”, considerou.