Projeto IDiverSE: A Escola Horácio Bento de Gouveia inaugura, hoje, o Trilho da Ciência!

A Clementina abriu os olhos lentamente pois sentia-se um pouco atordoada. Olhou em volta, tentando perceber onde estava, mas, à primeira vista, não reconheceu o local porque lhe era estranho e diferente de todos os sítios por onde passara. Ajustou os olhos à intensidade luminosa e apurou os sentidos, atenta a todos os sons à sua volta. O sol parecia estar a acordar também, os seus raios timidamente incidiam sobre aquele local que estava ansiosa por explorar. Esse pensamento fez com que esquecesse do cansaço que sentia. Tinha perdido a noção do tempo em que estivera voando e, pior do que isso, não avistava nenhum dos seus companheiros de viagem. Estava só! Felizmente esse pensamento não a afligia, sempre fora aventureira e raramente fugia de uma boa oportunidade para explorar o desconhecido. Olhou para cima e voou alegremente para o galho mais alto de uma verde árvore que ali se encontrava. De repente os seus olhos abriram-se de espanto, não! Aquilo não podia ser verdade. Ali, mesmo debaixo de si estava um belo jardim cheio de flores multicolores. Eram brancas, lilases, amarelas e de tantas outras cores. Tinha chegado ao paraíso. Não queria acreditar na sua sorte. Bateu as asas alegremente e saiu do galho onde estava em direção àquele jardim tingido das cores do arco-íris. Alegremente fez uma longa dança por cima delas e pousou num girassol pensando onde estariam os seus amigos, uma vez que queria que eles partilhassem aquela beleza consigo. Recolheu o néctar daquela flor tão bonita e ficou por uns instantes a inalar o seu cheiro inebriante. De súbito, sentiu passos atrás de si e, quando se voltou, um jovem loiro de olhos verdes observa-a atentamente. Colocou-se imediatamente em alerta, normalmente os humanos não costumavam ser muito simpáticos com a sua espécie. No entanto, este jovem ajoelhou-se nos bordos de pedra do jardim e pôs-se a observá-la com um certo fascínio.

– Olá, eu sou o Bentinho, a mascote desta escola e estou muito feliz que estejas aqui connosco. – Esticou o braço e com um gesto percorreu todo o jardim. – Tudo isto foi construído para ti e para todos os teus amigos. Queremos que sejam todos bem-vindos e que sejam muito felizes aqui. Nós, humanos, sabemos o quanto vocês, abelhas, são importantes para nós.

Após uma breve hesitação, Clementina pousou levemente as pernas na mão do pequeno Bentinho, esperando que este entendesse o quanto tinha ficado agradecida com as suas palavras.

– Agora que já somos amigos, adorava perguntar-te uma coisa. – Ele abriu um sorriso de orelha a orelha e continuou falando como se já se conhecessem de longa data. – É verdade que vocês conseguem bater as asas 180 vezes por minuto? Eu acho que isso é fantástico, já tentei levantar e baixar os braços e o máximo que consegui foram quinze e digo-te, fiquei cansadíssimo.

Ele levantou-se devagar, tendo o cuidado de não a sacudir da mão.

– Sabes, hoje vamos fazer o Trilho da Ciência e queria muito que viesses comigo, quero mostrar-te tudo e aposto que vais gostar muito. Esta é uma das estações, chama-se o “Paraíso das Abelhas”.

Clementina bateu as asas, levantou voo e com movimentos circulares dançou radiante à volta do jardim. Estava feliz e queria que o Bentinho soubesse da sua satisfação. Não conhecia aquela faceta dos seres humanos, sempre achara que eles não sabiam da importância da sua espécie na polinização das plantas e nem lhes davam o devido valor.

– Os alunos da nossa escola vão percorrer todo o trilho e vão aprender muito sobre tantas coisas. Anda daí, vem comigo. Quero que conheças a nossa bonita escola. – O Bentinho começou a correr depois de se certificar que ela o seguia. – Chama-se Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos Dr. Horácio Bento de Gouveia e tem mais de quarenta anos. Claro que nem sempre foi assim tão bonita, mas fizeram obras e hoje tem este aspeto tão acolhedor.

Clementina voava baixinho o suficiente para ouvir tudo o que o Bentinho falava com tanto entusiasmo. Logo, vários alunos juntaram-se a ele e olhavam-na com curiosidade.

– Venham, esta abelha é nossa amiga e está de visita à nossa escola. Vou explicar-lhe todo o trilho da Ciência. São seis estações e em cada estação os alunos divertem-se muito e aprendem sobre os mais variados temas da Ciência, da Química, da Física, da Matemática, do Inglês e de tantas outras disciplinas. Será uma nova forma de aprender.

A Clementina seguia os alunos, ávida pelo conhecimento que o Bentinho debitava com tanto entusiasmo. Sempre teve o gosto pelo saber e a interpretação dos fenómenos que ocorriam na Natureza.

– A primeira estação é justamente o paraíso das nossas amigas abelhas onde todos ficarão a saber sobre a sua importância no ecossistema e na Humanidade em geral. Segue-se a estação sobre a história da nossa escola e a sua evolução ao longo dos tempos. – O Bentinho continuava percorrendo o espaço exterior da escola sem tirar os olhos da sua nova amiga.

– Como não podia deixar de ser, nós preocupamo-nos muito com o ambiente e a estação número três é exatamente sobre uma problemática que nos atinge a todos: o excesso de plástico utilizado pelos seres humanos. Chama-se a Estação Plastomática. – Ele seguia sem esconder o orgulho que sentia na sua escola.

O Bentinho parou de repente e apontou para uma grande tabela.

– Esta é uma das ferramentas mais importantes na história da ciência e tem já cerca de cento e cinquenta anos, apresento-te a Tabela Periódica. Aqui, nesta estação, a quarta, os alunos vão descobrir todos os elementos que existem no Universo. O mundo todo cabe nesta tabela colorida. E daqui avançamos para a penúltima estação, aquela onde os alunos fazem várias tarefas de separação de resíduos para descobrir se eles realmente são experts no assunto.

De repente, a Clementina ergueu os olhos para cima e viu as suas companheiras de viagem, eles tinham vindo buscá-la! Juntou-se a elas alegremente e juntas efetuaram uma linda dança, à volta dos alunos que as olhavam fascinados.

– Vocês são um enxame viajante! – Gritou o Bentinho. – Nunca tinha visto nenhum ao vivo, só nos filmes, que lindo! A nossa escola vai construir um Hotel dos insetos para vocês ficarem; será o Hotel HBG. Tenho a certeza de que serão muito felizes aqui e também podem explorar todos os Caminhos Reais da Madeira. Na estação seis existem indicações e mapas sobre a localização de cada um.

Feliz, a Clementina ergueu-se e, voando alegremente levou as suas companheiras de viagem até à primeira estação. Ali sentia-se realmente no paraíso. Sentia-se em casa e essa sensação era partilhada por todos os seus amigos.

                                                                            Prof. Florinda Granito