O Bispo do Funchal publicou hoje, no Jornal da Madeira, órgão da Diocese que tem publicação online, uma nota de realismo e de esperança na vida pós pandemia.

D Nuno Brás lembra que Deus tem “a última palavra” e termina o escrito com uma mensagem forte aos crentes, mas acima de tudo a todos: “Vendedores de sonhos passageiros temos muitos. Necessitamos de quem convide todos a colocar a sua esperança em Deus”.

O Bispo lembra a frase “vai ficar tudo bem”, como sendo “a frase que mais ouvimos nestes últimos tempos. Claro que a grande maioria de quantos a disseram sabia perfeitamente que não vai ficar tudo bem, que iremos passar todos por momentos difíceis, de desemprego e de dificuldades económicas para muitos. Queriam, certamente, dizer que era necessário permanecer em casa; que isso era difícil; mas que, mesmo depois de estarmos em casa durante dois longos meses; depois de o mundo ter parado subitamente, haveríamos de continuar vivos e capazes de lutar pela vida”.

D. Nuno Brás considera que “nós, cristãos, somos gente de esperança. Mas a esperança — uma virtude teologal, quer dizer: uma atitude que o próprio Deus coloca no nosso coração — a esperança não significa um desejo que temos sem qualquer razão (como alguém que, por exemplo, gostasse de ver o céu pintado de verde e esperasse vê-lo, um dia, com essa cor, em vez do azul com que a natureza nos brinda quase diariamente).

A esperança significa que nós, cristãos, sabemos que Deus (e só Ele) tem a última palavra sobre toda a realidade e sobre todos os seres, e que, por isso, essa última palavra só poderá ser de vida e de amor, porque é assim que Deus é. Todo o mal, todo o sofrimento, toda a injustiça que vemos e vivemos neste mundo não hão-de prevalecer sobre a vida e o amor de Deus. E Deus provou-o ao ressuscitar Jesus: a morte não teve domínio sobre Ele”

Quando um cristão diz “vai ficar tudo bem” significa: “Deus irá vencer” e, com Ele, também nós venceremos. Essa é a esperança e a certeza que nos anima, mesmo quando chegam os sofrimentos e as dificuldades — sempre realidade passageira, porque, neste mundo, tudo é passageiro.