As minhas dicas para uso de ferramentas online no ensino

1ª Há muitos anos que uso ferramentas online.

2º De todas a mais universal é o email

3º Com miúdos sem a ajuda de adultos nem o email funciona muito bem (embora a necessidade do momento implique outras obrigações)

4º Se pensam que vão dar aulas online numa simulação algo aproximada às aulas presenciais, esqueçam.

5º A melhor maneira de usar ferramentas online é a própria escola escolher apenas uma ferramenta e de preferência propor emails associados a essa plataforma.

6º Atulhar as plataformas de materiais é como deitar azeite a mais nos candeeiros de azeite: o pavio não arde. Não há ensino minimamente funcional com balbúrdia de plataformas, materiais e conteúdos.

7º Avaliações «a distância» não funcionam como critério de avaliação formal tal como a temos no ensino presencial. Já fiz cursos online e pago o diploma no final. Mas qualquer pessoa poderia ter feito o curso por mim. Há algum mal nisso? Não se a pessoa que estuda quer aumentar as suas competências. Sim, se as pessoas são implicadas num processo avaliativo mesmo sem o desejar (caso da escola e do ensino institucionalizado)

8º Perante esta situação, os professores devem enviar material a um só (DT ou algum coordenador da turma online) que o disponibiliza de forma gradual na plataforma e dá um prazo aos alunos para realizarem a tarefa. Se 5 ou 7 professores de uma turma vão a uma plataforma todos os dias “despejar” materiais, esqueçam que isso não é ensino a distância. Isso tem outro nome: tortura tecnológica.

Sugestões: colegas e escolas, aproveitem o tempo para criarem materiais, procurarem parcerias para fazer vídeos (há muitos alunos por aí fora que percebem de produção de vídeo e imagem que vos podem ajudar, façam guiões da matéria e peçam-lhes para gravar um vídeo com a matéria – sem a pretensão de meter tudo o que existe para saber do universo num vídeo de 15 minutos, ok?). Impliquem os vossos alunos em tarefas mas que sejam bastante diferentes daquelas que eles estão habituados. E pelo meio proponham as vossas fichas, os vossos testes. Motivem-nos a aprender e a gostar de aprender em casa. Têm aqui uma boa oportunidade. E essa oportunidade passa por ocuparmos (nós, professores) o espaço que tanto criticamos por ser ocupado por youtubers mentecaptos, influencers imbecis, etc… Agora é a nossa vez de ocupar o youtube com vídeos, fazer chegar a casa dos miúdos o saber, o conhecimento. As ferramentas estão aí, melhores que as de outros tempos. Temos é de mudar comportamentos, a começar pelos nossos que sempre nos opusemos ao mundo online pois pressupomos que ele jamais nos substituiria. Agora não desejem de uma só vez que ele nos substitua. Isso não vai acontecer de certeza e engane-se quem o pensa. Mas pode ajudar-nos a manter o contacto. São ferramentas de comunicação. Usem-nas. Talvez quando chegarmos às escolas os smartphones nas aulas até passem a ser mais bem vistos em vez dos inimigos que tantas vezes criticamos. Os miúdos vão 500 vezes por dia ao Instagram, 800 ao tiktok e 600 a um grupo de mensagens. Temos aqui uma boa oportunidade para os habituar a ir pelo menos 5 vezes ao email e a recorrer à sala de aula virtual. Se o conseguirmos vamos ter de certeza o nosso trabalho futuro facilitado. Disso não tenho dúvida. Mas não esperem milagres. Online o mundo é muito diferente.

*Professor de Filosofia