Dirigente da Ordem dos Médicos na RAM admite faltas pontuais de máscaras ou luvas mas considera que neste momento tudo está controlado

Foto Rui Marote

O presidente do Conselho Regional da Ordem dos Médicos na Madeira, Carlos Martins, admitiu hoje ao Funchal Notícias que pode acontecer pontualmente alguma situação de falta de material para os profissionais de saúde nos hospitais ou centros de saúde, como máscaras ou luvas, mas considerou que isso é normal e até agora não é preocupante. Carlos Martins falava no âmbito de uma entrevista com o FN, na qual procurámos aferir sobre os sentimentos ou preocupações da classe médica neste momento difícil de contenção do novo coronavírus.

“Em relação ao material, de vez em quando… já se sabe que… há sempre assim umas falhas. Mas isso são coisas que acontecem. É evidente que não queríamos que acontecesse, penso que ninguém quer que aconteça, mas às vezes há falta de material. Costuma ser máscaras, e também luvas… Mas neste momento acho que está tudo mais ou menos controlado. Agora, se começarem a haver muitos casos [de coronavírus] a conversa começa a ser completamente diferente”, declarou.

As pessoas que estão na linha da frente, neste momento, praticamente são aquelas que estão no Serviço de Urgência”, referiu este médico otorrinolaringologista. “A maior parte dos médicos está na retaguarda. Nós, normalmente, só fazemos as consultas inadiáveis, e as consultas de doentes oncológicos e de seguimento. As primeiras consultas estão todas canceladas”, referiu.

Questionado sobre se, em seu entender, tudo se encontra neste momento bem articulado para que todas as pessoas necessitadas tenham o tratamento necessário, o nosso interlocutor considerou que sim. Neste momento, na linha da frente estão os médicos que estão de urgência, que estão de prevenção… e “os que estão mais ligados ao Covid-19, os pneumologistas e os infecciologistas, disse. Os médicos das restantes especialidades “não estão neste momento a ser chamados”.

“Esperemos que continue assim, é sinal de que a coisa se vai aguentando”, relatou.

As medidas de contenção que o Governo Regional implementou na Região têm-se revelado eficazes, em seu entender. “Está tudo mais ou menos, por agora, em fase de contenção. Agora, se isto passa para a fase de mitigação, aí a conversa já vai ser outra”, admitiu.

Carlos Martins diz que não tem ouvido grandes queixas ou preocupações da parte dos médicos neste momento. “É sinal que a coisa que está a correr mais ou menos bem”.

O responsável regional pela Ordem dos Médicos sublinhou o trabalho dos médicos de Medicina Geral e Familiar, que estão nos serviços de urgência que o GR implementou na Ribeira Brava, no Funchal e em Machico. “Esses estão a fazer um trabalho extraordinário. São colegas que estão na linha da frente”, elogiou.

Por outro lado, e questionado sobre como vêem os médicos o comportamento da população, Carlos Martins opinou que maioritariamente, os madeirenses e porto-santenses estão a portar-se de maneira correcta.

“O que peço é que as pessoas fiquem em casa. Neste momento é o melhor que podemos dizer, porque a pessoa ao sair, se houver ajuntamentos, o coronavírus propaga-se rapidamente”, sublinhou. As pessoas mais velhas resistem um pouco, “gostam de dar o seu passeio, e etc…” Mas, apontou, não há mal nisso, “se for aquele passeio à volta de casa, mas não para ajuntamentos”.

Os médicos, como todas as outras pessoas, também sentem os efeitos do isolamento prolongado. “Falo por mim… já estou em casa há muitos dias. Hoje por acaso tive que ir ao hospital, pois tinha lá um doente que tinha de ser visto, e tive de passar no serviço… mas neste momento, está tudo mais ou menos controlado. Esperemos que não venha uma grande avalanche. Mas não se pode ser adivinho. Neste momento, temos todos de nos unir, é o mais importante. A população, o Governo, todas as pessoas devem estar imbuídos do espírito de combater o Covid-19”, concluiu.

Enquanto clínico, confessa que é uma incógnita como a situação evoluirá. A curto, médio ou longo prazo, a evolução da situação está toda em suspenso. Até agora, os médicos têm condições para exercer o seu trabalho, e não lhe têm sido transmitidas queixas.

“Médicos, jornalistas, todas a população, temos todos de estar a puxar para o mesmo lado. É o que eu pretendo, e peço, às pessoas”.