Dançou-se e cantou-se o Carnaval nas ruas do Funchal, num revoar de plumas

Fotos: Rui Marote

O Funchal encheu-se hoje de cor e magia, no habitual corso carnavalesco que percorre a marginal do Funchal, espalhando alegria e animação e contagiando a assistência com o entusiasmo dos integrantes da diversas “troupes”. A abrir o desfile, João Egídio apresentou “Fantasia Colorida”, enquanto que a Associação de Batucada da Madeira fez da “Celebração da Vida” o seu tema. Uma boa introdução para um desfile que se mostraria bastante diversificado na sua musicalidade e costumes.

Nem o vento que ontem se fez sentir com alguma intensidade perturbou o desfile, que logo no início fez da beleza o seu mote, com João Egídio a procurar dar uma ideia, no seu carro alegórico, das melhores coisas que a Madeira tem para oferecer, desde as flores ao vinho.

Seguia-se-lhe a Batucada da Madeira, criada há apenas dois anos, uma agremiação recreativa que trouxe muita beleza feminina e trajes arrojados à perspectiva do público, muito ao estilo do Carnaval do Brasil. O mesmo se pode dizer da Escola de Samba “Os Cariocas”, estes já veteranos, que trouxeram um verdadeiro espectáculo de cor e de folia, intitulado “40 anos – Rei da Fantasia”, além de várias mulheres deslumbrantes. A multiplicidade e a criatividade dos trajes foi notável. Contou ainda com uma ala de “baianas”, na melhor tradição à moda do Rio.

A “Caneca Furada”, por seu turno, não deixaria os seus créditos por mãos alheias. O tema “disco” foi o escolhido, com uma evocação dos tempos de ouro das discotecas e da música “disco”, época do grande sucesso do filme “Saturday Night Fever”, com John Travolta, nos cinemas. Ocasião para, com músicas dos Bee Gees e coreografias alusivas, além de muita cor nos figurinos, efectuar uma abordagem diferente aos festejos, num revivalismo que muito agradou aos presentes.

Entretanto, o vento ia obrigando os participantes a segurarem algumas plumas, saias e chapéus, mas nada que estragasse a festa. A “Geringonça” apresentou, de seguida, a temática circense, com “Uma noite de circo”. Os trajes festivos já remetiam mais para a magia proporcionada por esse tipo de espectáculo, o “maior do mundo”, como se costuma dizer. A música original remetia para os “palhaços e trapalhadas que nos provocam gargalhadas”. E os artistas não faltavam, entre aqueles que se deslocavam sobre andas e as fantasias de palhaços. Nem faltavam os animais, nomeadamente cavalos (a fingir) nos carros alegóricos. Muitos dos disfarces também evocavam animais, desde gatos a elefantes, macacos e leões. Os malabaristas complementavam o ramalhete.

Já a “troupe” Fura Samba trouxe quase duas centenas de figurantes, numa apresentação que se baseava nas lendas da criação, com os seus guerreiros, anjos e demónios, mas sobretudo muita beleza, nas pessoas e nos trajes. Um forte apelo à imaginação, com musicalidade e criatividade notáveis e onde todos se puderam divertir. As “diabinhas” estavam particularmente engraçadas. Tudo animado por vibrantes ritmos brasileiros.

Por seu turno, a Associação Animad escolheu o branco como a cor de eleição e, logo de entrada, trouxe a abordagem a uma inspiração quase de natureza clássica, greco-romana, também explorando, por outro lado, a dicotomia entre o bem e o mal enquanto forças opostas na Criação.

Seguiu-se a Turma do Funil, com a temática “Da magia à diversão”, que trouxe muitas plumas multicolores e trajes ousados cheios de lantejoulas. Isto sem esquecer as muitas raparigas bonitas à alegria das quais é impossível ficar indiferente.

Depois veio o “Império da ilha”, com a importante mensagem de que “a vida são dois dias” e que há que aproveitar a folia. 150 figurantes invadiram as ruas com roupas elaboradíssimas e merecedoras de elogio pelo esforço obviamente nelas posto. Todavia, houve muitos que tiveram de segurar os chapéus de grandes dimensões, sacudidos pelo vento inclemente. Uma curiosa ala “militar” mista também concorreu para a graça apresentada por este grupo.

O grupo “Fitness Team” trouxe ritmos mais acelerados festa, numa actuação que teve por base o tema “Sonho”, e que acelerou tudo com 130 figurantes, a ritmo de ginástica sob o mote da conhecida canção “Moro num país tropical”. Já depois os ritmos e as danças de inspiração africana viriam com a troupe “Sorrisos de Fantasia”, com a temática “A magia da Selva”. Ideia original que proporcionou momentos bastante engraçados, com trajes e máscaras com inspiração mais africana que latina. E muita juventude e beleza à mistura, a par de roupas bastante criativas a retratar animais, como zebras.

Entretanto, a “Tramas e Enredos” propôs uma “Madeira Cósmica” com uma inspiração quiçá mais próxima da ficção científica, mas à moda madeirense, A encerrar o desfile viriam os “Sweet Dancers” com a temática “One World, One Love” a trazer ritmos mais modernos e trajes de inspiração étnica, e, mesmo a finalizar, a troupe “Dance Flavourz by Francis e Yvonne Cardoso trouxeram a “Fantasia da Pérola do Atlântico”, com um tema marítimo, idealizando um mundo subaquático. Todos a concorrer para uma grande animação nas ruas do Funchal, que, como de costume, muito agradou a madeirenses e a visitantes, nacionais e estrangeiros.