João Pedro Vieira diz que diretor clínico nao é um cargo de confiança política e lamenta “novela” dos 100 dias de governo

O secretário-geral do PS Madeira veio hoje a público pronunciar-se sobre a indicação do médico e ex deputado do CDS Mário Pereira para a direção clínica  do SESARAM. João Pedro Vieira alerta que esse não é um cargo de confiança política e lamenta esta “novela dos 100 dias de governo”.

Na sua página pessoal da rede social Facebook, João Pedro Vieira diz que o processo de escolha do diretor clínico foi mal gerido e alude, também, às 250 nomeações deste governo de coligação.

Veja o conteúdo da declaração do secretário-geral socialista madeirense:

1. É absolutamente lamentável toda a novela a que assistimos durante os primeiros 100 dias deste Governo em torno da área da Saúde, tratada como todas as outras e dando-se prioridade a nomeações políticas, mais de 250 em 100 dias, e não à resolução dos problemas do sector. Todo o processo de indicação do novo Director Clínico foi mal gerido, desde a sua génese, com consequências dramáticas para a Saúde e para todos os envolvidos;

2. É imperioso clarificar que o cargo de Director Clínico não é um cargo de mera nomeação e confiança política; é, como o nome indica, um cargo clínico, que exige reconhecimento, validação e aceitação pelos pares, por ser o mais importante na estrutura hierárquica clínica de qualquer centro hospitalar. Até hoje, não fomos capazes de identificar – e procurámos muito – qualquer situação semelhante àquela a que assistimos ao longo dos últimos 100 dias, em que todos os cargos da hierarquia clínica do Hospital do Funchal, incluindo os de Directores de Serviço, foram tratados como quaisquer outros cargos de nomeação política, entrando nas contas de mercearia deste Governo e da Coligação PSD/CDS em torno das suas nomeações. Desde o início, deveria ter existido diálogo com os profissionais de saúde, que permitisse encontrar soluções que dessem totais garantias – não só a quem será indicado para o cargo, mas também a quem lidará com as consequências dessa decisão: os profissionais de saúde e a nossa população;

3. A Saúde da Região necessita, acima de tudo, de alguém que traga paz ao sector e tranquilidade aos profissionais, tendo o seu reconhecimento. Sobreponde-se questões partidárias aos interesses da Saúde e com a relevante proximidade política entre o agora indicado e a tutela, é duvidoso que tal aconteça. Toda a gestão deste processo poderá ser suficiente para gerar futuramente instabilidade entre os profissionais de saúde, que, mais uma vez, em vez de terem alguém que lhes garanta total equidistância do ponto de vista político e partidário, que estivesse apenas e só focado na gestão clínica do serviço hospitalar, terão alguém que ficará para sempre ligado à forma como foi nomeado, resultante de um processo estritamente político-partidário;

4. Espero, ainda assim, que o Dr. Mário Pereira, a quem reconheço méritos, nomeadamente políticos, pela forma como discutiu, politicamente, a realidade da Saúde regional, reúna todas as condições, clínicas, necessárias para exercer as suas funções, para bem da Saúde de todos os madeirenses – a começar pelo reconhecimento e validação de todos aqueles que trabalham no SESARAM, ou que a ele pretendam voltar.

5. A Saúde na Região precisa de respostas urgentes – fazendo-se o que é melhor para a Saúde, com base no conhecimento actual e na evolução da Medicina, e não o que for melhor para os partidos que suportem este ou qualquer outro Governo.