“Não abandonei um projeto…fui impedida pela tutela de o cumprir”, reage a médica Filomena Gonçalves indicada pelo CDS para a direção clínica do SESARAM

“”Perante esta engendrada votação, fruto de uma coligação que não cumpre o acordado, só me resta uma atitude a fim de continuar a manter a minha dignidade: explicar publicamente”. Foto Facebook

A médica que o CDS Madeira tinha indicado para colocar na direção clínica do Serviço Regional de Saúde, no âmbito da negociação para a coligação governamental, responsabiliza a tutela pela não concretização desse objetivo: “Não abandonei um projeto…fui impedida pela tutela de o cumprir”, desabafa na sua página da rede social Facebook.

Filomena Gonçalves recorda ter aceite este desafio de desempenhar o cargo de directora clínica depois de ter ponderado o regresso ao serviço público, onde esteve 33 anos, 3 meses e 19 dias, como faz questão de referir. Um regresso que avaliou em nome de um projeto “acreditando que uma mudança no SRS seria possível e benéfica neste novo paradigma político”.

A médica confessa ter estado sempre ciente que “a minha contratação não era desejada especialmente pela tutela da Saúde, apesar de me terem sido dirigidas palavras de boas vindas no início do projeto. Senti que tudo estava a ser feito para bloquear o meu acesso à instituição, demonstrando assim uma total falta de respeito pela coligação que tinha permitido viabilizar o governo do PSD”.

Aquela profissional fala em “atrasos que contornaram o meu ingresso” e em “células descontentes ou receosas da minha gestão, porventura humanizadora, moralizadora e meritocrática, ganharam tempo para se organizarem e se tornarem consistentes de forma a poderem manter-se iguais a si próprias sem que nada pudesse ser feito para mover o débil véu que as protege”.

Tudo isto para chegar ao que considera ter sido “uma situação perfeitamente inédita”, em que a tutela convocou os diretores de serviço do SESARAM, os mesmos por ela nomeados e apoiados, o conselho médico, para votarem a alteração dos estatutos do SESARAM exclusivamente na alínea que fazia referência ao diretor clínico não ter de pertencer ao quadros do SESARAM…Efetivamente a tutela trabalhou de uma forma magnífica e célere junto das pessoas que nomeou para reunir o voto de 30 dos 34 diretores de serviço contra a minha nomeação”.

Filomena Gonçalves acrescenta que “perante esta engendrada votação, fruto de uma coligação que não cumpre o acordado, só me resta uma atitude a fim de continuar a manter a minha dignidade: explicar publicamente, pela primeira e talvez última vez, o que aconteceu e transmitir que não abandonei um projeto…fui impedida pela tutela de o cumptir”