Jardim contraria posição do PSD-M nas internas nacionais e critica voto no Orçamento de Estado “por um nem sequer prato de lentilhas”

Alberto João Jardim, ex-líder do PSD Madeira e ex-presidente do Governo Regional, apoiante de Rui Rio e crítico relativamente à posição do PSD-Madeira nestas eleições internas nacionais, numa primeira volta permitindo o voto a 2500 militantes quando à luz dos regulamentos nacionais apenas 104 estariam em condições legais de exercício do voto, e numa segunda volta não abrindo as sedes para a votação. Em causa, a forma de pagamento das quotas, que na Região se aceita em numerário e em Lisboa não. “Foi sempre assim”, argumentam os atuais dirigentes do PSD Madeira. Jardim diz que “Não foi sempre assim”, em artigo hoje publicado no JM.

Nestes escrito, Jardim afirma que “gostaria que, para prestígio do PSD/Madeira, este usasse as suas indiscutíveis competências regionais para estabelecer novas regras, iguais às nacionais, para todas as eleições internas do âmbito do arquipélago. Fazer as votações internas depender de quem tiver mais dinheiro para pagar inscrições e quotas, não só é desprestigiante para a Social-Democracia, é principalmente desprestigiante para a Autonomia, bem como retira legitimidade democrática a quem porventura eleito através desses “esquemas” plutocráticos. Pode a população pensar que, de outra forma, já não ganhariam. E pensá-lo-ão cada vez mais acentuadamente, na medida em que persistir a resistência de manter o errado estado de coisas actual”.

O ex-líder social democrata, chamado a “recurso” nas eleições regionais em nome da unidade do partido, nunca deixou de expressar as suas opiniões críticas relativamente determinados setores da atual estrutura liderada por Albuquerque. Lembra que “nas últimas semanas, a Opinião Pública foi brindada com o falso argumento de que “foi sempre assim”… Mesmo que o tivera sido, não constitui razão para boicotar o aperfeiçoamento democrático. Porém, NÃO “FOI SEMPRE ASSIM”.

Explica: “Nunca paguei e muito menos pedi dinheiro a alguém para inscrever ou saldar quotas fosse de quem fosse. Até haverá Companheiros que se lembram da minha posição contrária à preocupação de inscrever muita gente no Partido. Recordam-se que, no meu estilo pessoal, costumava dizer: “o PSD precisa é da Confiança eleitoral do Povo. Não precisa de muita gente cá dentro que não queira trabalhar e só esteja para pedir favores, empregos, etc!”

Mas Jardim, neste artigo, deixa algumas “farpas” ao passado recente: “Aliás até 2011, trinta e sete anos após o 25 de Abril, a Direcção Regional do PSD/Madeira foi eleita consensualmente, uma só lista, logo o que agora se passa então nem ao diabo lembraria. Portanto, NÃO “FOI SEMPRE ASSIM”. Segundo, só poderia ter começado a ser assim quando para as eleições internas do PSD/Madeira, 2012, face ao que possam indiciar duas listas e a surpreendente pequena diferença de votos, 4%.”

E chega às internas de 2014: “Nas eleições internas do PSD/Madeira em 2014, das quais a pouco e pouco me fui distanciando, sobretudo na segunda volta e a pedido, aí é que parece se ter instalado uma corrida generalizada ao processo de pagar maciçamente inscrições e quotas a muitos outros – para que quer o PSD um militante que só o é se outros lhe pagarem e, em conformidade, disporem da sua consciência e do seu poder de decisão?!…

Jardim refere, neste mesmo artigo publicado no JM, que se assistiu “ao absurdo de querer impôr ao todo nacional, normas que sendo de âmbito regional, não se podem sobrepôr a um regulamento de eleições NACIONAIS só agora aprovado na segunda metade de 2019 com objectivos éticos, de transparência, de verdade e moralizadores da vida pública. Logo, só agora em 2020 é que pela primeira vez surgiu o conflito, apesar do que paguei a Lisboa, confirmei-o no NIB do PSD/Madeira, desmentindo “o dinheiro fica lá”.

O ex- presidente do governo volta a criticar o sentido de voto do PSD-M na discussão do Orçamento de Estado para 2020 considerando uma “cena de eleitoralismo interno na Assembleia da República por um nem sequer “prato de lentilhas”. Faço minha a esclarecedora demonstração do Deputado do CDS no Parlamento da Madeira, Doutor Lopes da Fonseca, que está publicada, que em dez pontos demonstra o Orçamento de Estado 2020 ser péssimo para o Povo Madeirense. Estou à vontade, porque embora por razões muito mais importantes e decisivas, várias vezes pedi aos Deputados sociais-democratas na Assembleia da República – nada têm a ver com estes – que votassem diferente do PSD nacional. O erro está sobretudo no facto de, desta vez, o País inteiro ter percebido que era mais um foco de incêndio interno”.