Crónica de viagem: túmulos de pedra em Lemo e Londa

Casas típicas da etnia Bugis

Tinha programado cinco crónicas, uma para cada região da Indonésia que estou a visitar. Toraja não era excepção, depois de um dia marcado pelas cerimónias fúnebres, uma visão algo violenta para alguns, cujas fotografias foram entretanto já publicadas pelo FN. Entretanto, permaneço mais uns dias nesta região e não podia deixar de descrever também duas das grandes atracções: os túmulos de Lemo e de Londa,  assim como o mercado de Rantepao, muito famoso pelo leilão de búfalos. Restam duas etapas para a recta final. Regresso de nove horas de autocarro até Makassar com fotos deste percurso: Barru e os seus barcos de pesca, as casas típicas do povo da etnia Bugis, em postes de madeira…

Mercado de Rantepao: búfalo albino de olhos azuis, custa uma fortuna…
Aldeia de pescadores em Barru
As artes de pesca

Falemos de Lemo: este local é frequentemente referido como a casa dos espíritos. No cemitério de Lemo os mortos são sepultados ao ar livre, no meio de rochas íngremes, numa estranha combinação de morte, arte e ritual. A roupa dos mortos em diversas ocasiões é substituída pelos seus familiares, numa cerimónia intitulado de “Ma Nene”. O cemitério está localizado nos arredores de Toraja.

Vários pequenos desfiles protagonizados por jovens assinalam, até ao próximo dia 17, as comemorações da independência.

No Lemo podem ver-se a Tau-Tau, que é feita de madeira ou de bambu e que é esculpida como uma figura humana para incorporar o espírito humano. As fronteiras de Tana Toraja foram determinadas pelo governo das Índias Orientais Holandesas em 1909. Em 1921 Tana Toraja estava sob a administração do Estado Bugis, Luwu.

A bandeira nacional é exibida pelas estradas
Búfalos e galos são exibidos e vendidos no mercado

O estatuto de redentschap (ou regência ) foi dado em 8 de Outubro de 1946, a última regência dada pelos holandeses. Desde 1984 Tana Toraja foi nomeada o destino turístico mais importante depois de Bali, pelo Ministério do Turismo da Indonésia. Centenas de milhares de turistas visitam esta região, muito procurada por franceses , holandeses, alemães e ultimamente por espanhóis. Numerosos antropólogos ocidentais têm vindo a Toraja para estudar a cultura indígena, as pessoas de Toraja e o modo como vivem. O único obstáculo são 328 km de estrada a percorrer em cerca de 9 horas de camioneta, embora a paisagem seja agradável, como se pode ver através das fotos que publicamos.

Os pobres porcos vivos são transportados para o mercado desta maneira…
Lemo, local de sepultamento
Pormenor das bonecas

Outra localidade que nos merece referências é Londa. Os mortos são enterrados numa parede, numa caverna. Perto desses buracos existem algumas bonecas de madeira, que representam as pessoas mortas. Na verdade, as bonecas vestem roupas tradicionais de Tana Toraja. Devido a esta singularidade, Londa tem atraído visitantes ao longo do tempo.

Londa: dentro das cavernas, os caixões com os mortos são deixados assim

Um cenário lúgubre mas digno da curiosidade dos antropólogos
Aranhas gigantescas passeiam entre os caixões
Bonecos representando os entes queridos sepultados

Londa é realmente uma formação de buracos de sepultamento, de forma quadrada, cada um deles com uma tampa de madeira onde estão as tais bonecas. A sua aparência é bastante assustadora. Podemos ver esqueletos no chão, porque estão literalmente a cair da parede. Com estas curiosidades colocamos um ponto final, para já, às nossas exóticas descrições e esperamos que as imagens sejam elucidativas.