Primeiro deputado do PAN a ser eleito em Portugal não se sente persuadido para voltar à política

Rui Almeida foi o primeiro a conseguir um mandato para o PAN- Partido pelos Animais e pela Natureza (agora Pessoas, Animais e Natureza). Fê-lo, mesmo antes do partido, a nível nacional, conseguir um assento na Assembleia da República e, mais recentemente, conseguir ser eleito para o Parlamento Europeu.
A proeza de Rui Almeida e da sua equipa aconteceu em 2011 através dos 3.134 votos que significaram 2,13% dos votos e um “passaporte” para a o parlamento Regional.
O PAN, apesar do bom resultado alcançado no Círculo da Madeira nas Legislativas Nacionais de Junho de 2011 (1,72% correspondente a 2.385 votos), até teve dificuldade em completar a lista de efectivos e suplentes para concorrer às Regionais de Outubro de 2011.
Mas conseguiu. Rui Almeida completou a Legislatura e, nas eleições regionais seguintes, de 2015, o PAN concorreu pela coligação “Mudança” (PS, PTP, PAN e MPT).
A esta distância, Rui Almeida confessa que a experiência foi “enriquecedora”. Não se afastou dos ideais do partido mas está afastado da política activa.

FUNCHAL NOTÍCIAS: Como qualifica a sua passagem pela Assembleia Regional?

RA: Para mim foi uma experiência enriquecedora, apesar de na prática e infelizmente, não ter conseguido convencer os colegas deputados da virtude das propostas que submeti e que foram todas chumbadas. Ficou uma voz que pensava diferente da maioria…

FN: Ainda continua ligado ao PAN ou está desiludido com o partido?

RA: Apesar de ter sido o responsável pelo surgimento do PAN na região e ter dado um modesto contributo nas comissões políticas nacionais do partido, estou de momento desligado de toda a atividade política. Nunca deixei de me identificar com as causas e a visão exposta no manifesto que fundou o PAN, mas deixo a prossecução da concretização dessa visão pela via política a outros que, para o efeito, têm mais aptidão do que eu.

FN: Como comenta o facto de, hoje em dia, todas as forças políticas terem a preocupação discursiva da causa animal?

RA: O facto da causa animal e ambiental integrarem hoje o discurso político de praticamente todos os partidos é importante. Não me interessa saber se é assim porque todos percebem que estas causas dão votos, veja-se a destacada ascenção do PAN, o que importa é agir em consonância com o que é agora urgente e inadiável. Questões éticas para com os animais e de sustentabilidade da casa que abriga todos, a Terra.

FN: O que faz o Rui Almeida atualmente?

RA: Atualmente estou prestes a integrar um projeto do departamento de Física da UMa, o qual faz investigação de topo na área de modelação da física de descargas em plasmas. Também continuo a fazer parte do Centro Budista da Madeira e da Associação VegMadeira que promove interessantes eventos de âmbito variado para quem quer saber mais sobre vegetarianismo e veganismo.

FN: Ainda tem ambição política ou foi uma experiência irrepetível?

RA: Eu não tenho ambição política pela política, mas antes pelas causas. No entanto de momento não consigo ser persuadido para outra incursão na política, o que não significa que o possa vir a ser no futuro.

FN: Recorda-se de algum episódio que o marcou na campanha eleitoral para as Regionais de 2011?

RA: Lembro-me da grande entre-ajuda de diversas pessoas, de nos juntarmos à noite com martelos, pregos e cordões e estarmos empoleirados para afixar cartazes, alguns feitos por nós próprios.

FN: O parlamento a que pertenceu foi o mais plural de sempre. Maximiano Martins, José Manuel Rodrigues, Roberto Almada, Edgar Silva, Hélder Spínola, José Manuel Coelho, João Isidoro foram parlamentares da sua Legislatura. Continua, hoje, a trocar argumentos políticos com eles?

RA: Estimei conhecer estes colegas, a ponderação de uns, mas admirei também a irreverência e incisividade de outros, no entanto não tive grande interação pessoal fora do parlamento onde aconteciam as discussões pré-programadas. Continuo a guardar por todos uma amizade.

FN: Quem acha que vai ganhar as eleições Regionais em 2019? 

RA: Não sou analista político e o meu palpite pode não ser senão expressão do meu desejo de ver uma saudável e muito necessária alternância política na Região, e que ela venha com boas ideias e boas práticas.