Obesidade Infantil

Recentemente saíram na comunicação social os últimos dados do COSI com os números da obesidade infantil, em Portugal e na Europa.

O COSI (Childhood Obesity Surveillance Initiative) / World Health Organization Regional Office for Europe é o primeiro Sistema Europeu de Vigilância Nutricional Infantil.

Em 2006 na Conferência Interministerial da Organização Mundial da Saúde (OMS) foi assinada a Carta Europeia da Luta contra a obesidade e em 2013, a necessidade combater a obesidade infantil, foi mais uma vez reforçada na Declaração de Viena em Nutrição e Doenças não transmissíveis no contexto Saúde 2020. Assim, como consequência a esta recomendação, em 2007 a OMS lançou uma iniciativa com a intenção de implementar um sistema de vigilância da obesidade infantil e, Portugal foi um dos 13 países que aderiram a esta iniciativa.

De acordo com os critérios da OMS, a prevalência de excesso de peso infantil (pré-obesidade + obesidade) em Portugal foi, desde o início do estudo, uma das mais elevadas ao nível de países como a Grécia, Itália, Espanha e Malta.

Nos últimos 11 anos, Portugal tem vindo a apresentar uma descida  nas prevalências de excesso de peso e obesidade infantil. Entre 2008 (1ª ronda) e 2019 (5ª ronda), todas as regiões portuguesas mostraram um decréscimo na prevalência de excesso de peso (incluindo obesidade). Este decréscimo foi mais acentuado na Região dos Açores, com uma diminuição de 10,7% (46,6% em 2008 vs 35,9% em 2019), e na região do Centro (38,1% em 2008 vs 28,9% em 2019), com uma diminuição na prevalência de 9,2% nos últimos 11 anos.

Em relação apenas ao estudo COSI Portugal 2019, observou-se que a Região do Algarve foi a que apresentou menor prevalência de excesso de peso infantil (21,8%) e os Açores a que apresentou a maior prevalência (35,9%). A Região do Alentejo foi a que apresentou menor prevalência de obesidade infantil (9,7%). Na Madeira:1,0% com baixo peso; excesso de peso: 31,6% e obesidade; 13,6%.

Ainda de acordo com os dados preliminares deste estudo, a prevalência de baixo peso foi de 1,3%, a prevalência de excesso de peso (pré-obesidade + obesidade) foi de 29,6% e destes 12% apresentavam obesidade infantil. A prevalência de baixo peso foi maior nos rapazes (1,6%) comparativamente com as raparigas (0,9%). Igualmente o excesso de peso e obesidade infantil foi mais prevalente nos rapazes (29,6% – 13,4%) do que nas raparigas (29,5% – 10,6%), respetivamente.

À semelhança das rondas anteriores, verificou-se que a prevalência de obesidade infantil aumenta com a idade. Em 2018/2019, 15,3% de crianças de 8 anos tinham obesidade, incluindo 5,4% de obesidade severa, comparativamente com as crianças de 6 anos que apresentaram 10,8% de obesidade, incluindo 2,7% de obesidade severa.

O excesso de peso é grave para a saúde presente e futura das crianças. Uma criança obesa tem maior probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, asma, doenças do fígado, apneia do sono e vários tipos de cancro. Estão mais sujeitas a bullying e outros tipos de discriminação. O que poderá provocar consequências directas na sua auto-estima e a quebra no seu rendimento escolar.

É um problema sério, que pode ser evitado através da adoção de hábitos alimentares saudáveis e prática regular de atividade física. Esta prevenção deve começar durante a gestação e ser mantida e promovida por toda a família:

  • Beber água, evitando os sumos e refrigerantes;
  • Comer devagar e em local tranquilo;
  • Controlar o tamanho das porções ingeridas;
  • Evitar o fast-food e os alimentos processados;
  • Fazer 5 a 6 refeições por dia;
  • Incentivar o consumo de frutas e verduras;
  • Ler os rótulos dos alimentos (preferindo os com menor teor de açúcar, gorduras e sal).