O PSD ganhou na Madeira. Ponto! Com 11,34% de avanço! Porquê o discurso de vitória do PS-M?

No rescaldo das Eleições Europeias todos devemos tirar ilações. Em primeiro lugar, colocar a euforia de lado e olhar friamente para os números.

O primeiro número que salta à vista é a abstenção: 69% a nível nacional, perto de 62% na Madeira. A mensagem não chega ao eleitorado.

Em segundo lugar, apesar de, na noite eleitoral, todos se dizerem vencedores, há vencedores e vencidos. É assim em Democracia! Por um voto se ganha e por um voto se perde. Que o digam os portossantenses!

Na Madeira, foi o PSD que ganhou as eleições com 37,15% das preferências daqueles que foram às urnas. O PS-M obteve 25,81%. Ou seja, menos 11,34% do que o seu adversário político que pretende derrotar a 22 de Setembro.

Ora, se a nível nacional o PS cantou vitória -e bem- por ter obtido mais 11,5% do que o PSD de Rui Rio, na Madeira, o PS-M deveria ter reconhecido a derrota por números semelhantes de diferença (11,34%).

Além disso, o PS-M, com 25,81% -apesar de um dos melhores resultados de sempre em Europeias- não obtém um “resultadão” por aí além. O número cifra-se na casa dos “vintes”, resultado que os socialistas madeirenses já obtiveram noutros escrutínios.

Por outro lado, é preciso não esquecer que o PS perde em todas as 10 freguesias do Funchal e é preciso contar que o JPP não entrou nesta corrida eleitoral caso contrário dificilmente o PS obteria, por exemplo, 24,99% no concelho de Santa Cruz.

Há sinais de mudança? Claro que há! Mas nada de euforias! Roma e Pavia não se fizeram num dia.

Do lado do PSD-Madeira, há que tirar o chapéu à estratégia desenhada por José Prada e companhia. Mesmo com o desgaste natural da governação, o PSD ganha. E ganha em contexto rural e urbano, à exceção de Machico e Porto Moniz. Podem, legitimamente, encomendar o cartaz para o Chão da Lagoa, a “quadragéssima não sei quantas” vitórias.

Mas há mais vencedores da noite eleitoral de ontem. O PAN consegue um brilharete e até fica à frente da CDU que, todos os dias, está no terreno. O CDS consolida o seu eleitorado e o BE, talvez por força do “contágio” nacional, também pode considera-se vencedor, na Madeira.

Do lado dos derrotados há um que -provavelmente de forma injusta- salta à vista: a CDU de Ricardo Lume, Edgar Silva e companhia. Não chegar aos 3 mil votos em toda a Região e o PAN ficar-lhe à frente é um resultado que merece reflexão para os lados da Rua João de Deus. Talvez seja preciso mudar caras para chegar aos corações do eleitorado! Não basta insistir em fórmulas gastas e fazer o discurso de mudar políticas em vez de políticos!

Um outro derrotado salta à vista. O PTP de José Manuel Coelho e companhia. Obter apenas 1262 votos quando, em 2014, se obteve 5737 é digno de reflexão. Cuidado porque vem aí Setembro e o lugar na Assembleia Regional pode estar comprometido!

Ao nível local, apesar de não estarmos a falar de Autárquicas, as “campainhas” poderão ter soado na Ponta do Sol, onde o PSD ganhou com maioria absoluta e em Santana, com o PSD a levar mais de 15,5% de avanço do CDS do presidente e secretário-geral do partido, Teófilo Cunha.

Por outro lado, a nível regional, diria que, porventura, esperar-se-ia mais de partidos como o “Nós Cidadãos”, o PDR ou o Aliança. Sendo que este último, com “jeitinho”, consegue eleger um deputado regional a 22 de setembro.