“O Aliança é um partido Europeísta”

FOTOS RUI MAROTE.

O professor universitário, Luiz Guerreiro Lopes é o candidato, pela Madeira, ao Parlamento Europeu pelo partido Aliança, de Santana Lopes.

Em entrevista ao Funchal Notícias disse que o seu partido é europeísta e anunciou a vinda à Madeira do cabeça-de-lista, Paulo Sande, a meados de maio, e, provavelmente, de Pedro Santana Lopes.

FUNCHAL NOTÍCIAS: O que leva o partido “Aliança”, na Madeira, a concorrer às Europeias de 26 de Maio?

LUIZ GUERREIRO LOPES: A União Europeia atravessa um momento particularmente difícil, em decorrência da crescente descrença na própria UE, da notória decepção dos cidadãos comunitários quanto às políticas económicas e sociais adoptadas — que, não raras vezes, têm contribuído para acentuar as disparidades entre os Estados-Membros —, do grave risco da desagregação europeia e, consequentemente, da grande incerteza quanto ao futuro da União e da Europa.

Face a esse cenário não muito animador, o partido ALIANÇA e os seus candidatos ao Parlamento Europeu entendem que as próximas eleições europeias de 26 de Maio serão decisivas para o futuro do nosso país e da União Europeia e defendem que é preciso uma nova atitude de Portugal e dos seus representantes em Bruxelas, de modo a contribuir para a inversão de tais tendências negativas, alavancar o desenvolvimento, com uma maior e melhor valorização das potencialidades e dos recursos nacionais e regionais, e obter uma verdadeira coesão económica e social entre todos os países membros da União, de forma a reduzir as significativas diferenças do nível de vida hoje ainda existentes no território europeu.

O ALIANÇA, embora seja um partido jovem, constituído há menos de seis meses, encontra-se já implantado e bem representado em todos os distritos de Portugal continental, nas Regiões Autónomas e junto à diáspora portuguesa. Assim sendo, pesem embora todos os constrangimentos e as dificuldades no acesso aos órgãos de comunicação social, mesmo àqueles do sector público, para a divulgação e debate das ideias e propostas defendidas pelos candidatos do ALIANÇA (devendo ser aqui realçada a oportunidade ora concedida pelo Funchal Notícias), é natural que o ALIANÇA tenha candidatos da Região Autónoma da Madeira na lista do partido que está concorrer às Europeias de 26 de Maio, por entendermos que é preciso valorizar, afirmar e defender os interesses da nossa Região na União Europeia, de modo a melhor atender às necessidades, expectativas e particularidades das populações da Madeira e do Porto Santo.

A lista do ALIANÇA às eleições europeias, paritária e com representação regional e que tem por objectivo a afirmação de Portugal na Europa, é constituída por pessoas profissional e tecnicamente capazes, apresentando como cabeça-de-lista não mais um burocrata político (como aqueles, indicados pelos partidos há décadas representados no Parlamento Europeu, que têm conduzido a UE à difícil situação em que hoje se encontra), mas sim um reconhecido especialista em questões europeias, que conhece muito bem os meandros da União Europeia e que tem estado envolvido com as instituições comunitárias desde a adesão de Portugal à CEE (hoje UE).

FN: O 7.º lugar na lista nacional é o desejável ou o possível?

LGR: No ALIANÇA, os lugares não são de todo o principal e a estrutura regional do partido não discutiu nem discute lugares. Para nós, estruturante é a real mais-valia que podemos prestar aos madeirenses e porto-santenses e que, neste caso, está claramente acautelada, uma vez que o Dr. Paulo Sande é alguém que está perfeitamente familiarizado com as especificidades da ultraperiferia e com as dificuldades acrescidas que a mesma implica e representa, bem como com o trabalho desenvolvido ao longo de quase quatro décadas pelo Dr. Alberto João Jardim, imbuído no espirito autonomista que nos foi legado pelo Dr. Francisco Sá Carneiro e que precisamos honrar e continuar a defender.

De nada nos serviria ter uma posição mais cimeira na referida lista e, depois, termos uma ideia da União Europeia que não fosse a da defesa dos reais interesses das populações e da promoção da coesão económica e social, e que apenas se preocupasse com tacticismos partidários objectivando assegurar lugares para este ou aquele grupo, acções estas que, embora muito comuns no âmbito de outras formações partidárias, os portugueses já deram provas de estarem fartos.

O ALIANÇA Madeira apresenta dois candidatos na lista do partido ao Parlamento Europeu, composta por 21 efetivos e oito suplentes, que sou eu, na posição antes referida, e o Presidente da Comissão Política Regional, que, num sinal de apoio inequívoco, aceitou simbolicamente integrar a lista do partido ao Parlamento Europeu no último lugar.

FN: O Aliança é um partido europeísta ou eurocéptico?

LGL: O Aliança é um partido Europeísta, que pretende afirmar Portugal na Europa e que defende políticas baseadas numa nova atitude perante a União Europeia. Como declarou o Dr. Pedro Santana Lopes, líder do partido, o ALIANÇA é “europeísta, mas sem dogmas, sem seguir qualquer cartilha e que contesta a receita macroeconómica de Bruxelas”.

Quando Portugal aderiu à então CEE, em 1986, esperava-se que Portugal pudesse convergir, social e economicamente, com os demais países da comunidade. Porém, passados 33 anos, a verdade é que estamos ainda muito distantes da verdadeira coesão económica e social a que todos aspiravam. A efectiva convergência dos rendimentos dos portugueses para a média dos rendimentos dos cidadãos europeus continua a ser um sonho não concretizado. Um assistente operacional em França, por exemplo, ganha hoje muito mais que um enfermeiro ou um professor com 20 anos de carreira em Portugal.

É preciso que os nossos representantes em Bruxelas tenham uma atitude mais crítica e reivindicativa e menos submissa, de modo a fortalecer a nossa posição na Europa e garantir a adopção de políticas que fomentem e incrementem a coesão social, económica e política. É esta a posição defendida pelo partido e que será assumida pelos deputados ao Parlamento Europeu eleitos pelo ALIANÇA, tendo por base a premissa de cumprir na acção o que está a ser prometido antes das eleições.

FN: Está prevista a deslocação à Madeira do líder do partido, Santana Lopes e do cabeça-de-lista às Europeias? Quando?

LGL: Tais visitas estão previstas e até ao dia das eleições europeias teremos entre nós o Dr. Paulo Sande e o Dr. Pedro Santana Lopes. Aliás, ainda recentemente, tivemos cá a presença de dois Vice-Presidentes e do Diretor Executivo do partido, para reuniões de trabalho com a estrutura regional do ALIANÇA, liderada pelo Prof. Joaquim Sousa.

Nas reuniões realizadas durante a referida visita, a comitiva da Direção Política Nacional do partido, liderada por António Martins da Cruz, abordou, entre outros, temas como o acesso à saúde e o novo hospital, a integração e inclusão dos imigrantes provenientes da Venezuela, a questão dos aeroportos e dos portos da Região e as acessibilidades aéreas e marítimas, assim como a situação do CINM, numa postura clara de defesa efectiva da melhoria das condições de vida das populações da nossa Região.

A visita permitiu, igualmente, reconhecer e enfatizar a importância das autonomias no quadro institucional nacional e salientar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela estrutura regional do ALIANÇA na Madeira. (continua)