Europeias, Regionais e Legislativas Nacionais? “Cada coisa a seu tempo”, diz o Aliança

Fotos Rui Marote.

O partido Aliança encara cada ato eleitoral como um desafio. Em entrevista ao Funchal Notícias, o representante da Madeira na lista às Europeias diz que “Cada coisa a seu tempo”.

Sobre a coordenação regional do Aliança, a cargo de Joaquim Sousa, destaca-lhe o mérito e diz que “não é um político tradicional”.

FUNCHAL NOTÍCIAS: O que pode a Europa fazer pela Madeira e o que pode a Madeira fazer pela Europa?

LUIZ GUERREIRO LOPES: A Madeira é Portugal e a Madeira é Europa. Por outro lado, a identidade e a afirmação de Portugal na Europa e da Europa no mundo não podem prescindir da Madeira.

No que respeita à primeira parte da pergunta, e pese embora o muito que tem sido apregoado pelos governantes e agentes políticos, a União Europeia pode contribuir ainda mais e de melhor forma para o desenvolvimento regional e a criação de riqueza e de emprego que permitam melhorar efectivamente a vida dos madeirenses e porto-santenses e reduzir os desequilíbrios sociais existentes, que são mais do que evidentes.

Nesse sentido, é fundamental a adopção, pela EU, de políticas que verdadeiramente fomentem e incrementem a coesão económica, social e territorial. Tais medidas passam, por exemplo, pelo respeito ao princípio essencial da solidariedade e a garantia da equidade de tratamento entre países e regiões, pelo combate aos crescentes protecionismos intra-europeus e à submissão cega a uma ortodoxia financeira que apenas serve aos interesses dos países mais ricos, pelo estabelecimento de critérios mais claros e transparentes para a atribuição dos fundos estruturais comunitários, pelo investimento efectivamente reprodutivo e pela aposta nas pequenas e médias empresas, nas novas tecnologias e nos sectores mais específicos da nossa economia.

No entanto, é preciso haver também uma maior e melhor captação de fundos estruturais europeus e uma gestão económica e financeira mais cuidada, não sendo aceitável a baixa taxa de execução dos fundos do Quadro Comunitário 2014-2020, nem admissível o facto da Madeira não conseguir resolver, com base no diálogo e da negociação, os graves problemas que afetam a Região e seus habitantes e que obrigam os nossos jovens — e não só — a terem de partir para a emigração em busca de melhores oportunidades e da valorização profissional que — nomeadamente os mais experientes e qualificados — aqui infelizmente não encontram.

Por outro lado, a Madeira possui imensas potencialidades e trunfos únicos, dos quais a União Europeia pode tirar partido. A Madeira e o Porto Santo dispõem de características geográficas e geológicas excepcionais, que fazem da nossa Região um “laboratório natural” privilegiado para a investigação e a inovação em sectores do futuro, como a biodiversidade e os ecossistemas terrestres e marinhos, a farmacologia e as energias renováveis, entre outras.

FN: O Aliança defende a instalação, na Madeira, de uma agência nacional ligada ao Mar e a ideia de que os eurodeputados eleitos pela Madeira ao Parlamento Europeu devem prestar contas à Assembleia Regional. Que outras propostas sugere?

LGL: Defendemos uma Europa mais humana, que esteja efectivamente ao serviço das pessoas, e consideramos que hoje, para preservar o sonho europeu, é necessário corrigir muitos dos erros que colocaram a União Europeia numa posição de fragilidade e de risco de desagregação parcial e progressiva do projecto europeu, do qual o Brexit é bem representativo.

O partido ALIANÇA e seus candidatos ao Parlamento Europeu entendem que os eixos operacionais do programa 2021-2027 devem ser reformulados, para concentrar os esforços de investimento no crescimento económico e rever os critérios de atribuição dos fundos estruturais.

Entendemos também que o Ambiente é uma grande mais-valia para a Região, seja ao nível do Turismo, seja ao nível da Economia Verde e da Economia Azul, sendo urgente uma mudança de paradigma, uma vez que o modelo de desenvolvimento baseado no betão não é sustentável, sendo a preservação do ambiente a efectiva garantia de desenvolvimento para a nossa e para as gerações vindouras.

FN: Joaquim Sousa é o coordenador regional do Aliança. É a escolha certa?

LGL: Joaquim Sousa é um profissional com créditos firmados, com capacidade de inovação, com coragem de mudar paradigmas e, acima de tudo, é um homem de equipa. Se é o líder certo? Não é um político tradicional; é, acima de tudo, um cidadão que diz o que vai fazer e tem a capacidade necessária para fazer aquilo que diz, bem como coragem para assumir e defender aquilo em que acredita.

FN: Se for eleito, quais as primeiras cinco medidas que irá defender no Parlamento Europeu?

LGL: O Dr. Paulo Sande, cabeça-de-lista do partido às Europeias, apresentou o nosso Manifesto Eleitoral — disponível no site do partido, http://www.partidoalianca.pt — no dia 8 de Março, num evento em que também estive presente, documento no qual apresentamos 21 medidas para afirmar Portugal na Europa e para mudar a União Europeia, expressando a nossa convicção de que, para podermos ter uma nova Europa, é preciso estar em Bruxelas com uma nova atitude, como um só país, devendo o crescimento económico ser uma causa nacional prioritária, de forma a permitir a criação de riqueza que leve à melhoria da vida das pessoas, à redução dos desequilíbrios sociais e à diminuição da dependência externa.

FN: Quanto vai gastar o Aliança-Madeira nesta campanha?

LGL: O ALIANÇA Madeira nunca irá gastar aquilo que não tem, sendo este um dos pressupostos do nosso líder. Teremos de nos governar com aquilo que temos. Sendo o ALIANÇA um partido jovem, não somos um partido rico e iremos apostar naquela que é a maior riqueza que possuímos: os nossos militantes.

FN: Um bom resultado do Aliança pode ser quantificado em número de votos? Quantos?

LGL: Todos aqueles que não se revêm no estado em que a Região hoje se encontra e não querem nem um PSD de bengala, nem uma geringonça de esquerda no poder nos próximos quatro anos, têm no partido ALIANÇA uma alternativa série e credível.

Aqueles que não querem continuar a sofrer com a atual carga fiscal que incide sobre as famílias e as empresas, aqueles que não querem mais o desvirtuamento e o descrédito do Estado e a continuação do clima de medo reinante, todos aqueles que são Portugueses com orgulho e que não se revêm no aumento da pobreza e no abandono dos mais fracos, assim como todos aqueles que não querem que a Madeira seja, a prazo, uma espécie de lar de idosos, podem confiar no ALIANÇA e nos seus candidatos.

Todos os que acreditam numa Região melhor, mais desenvolvida e mais justa, da qual os mais jovens e os mais qualificados não sejam forçados partir em busca de melhores oportunidades, bem todos os que tenham esperança numa mudança positiva e num futuro melhor, devem votar no ALIANÇA, e estamos convictos de que irão fazê-lo.

FN: As “Europeias” são, para o Aliança um “balão de ensaio” para as Regionais de 22 de setembro?

LGL: Não, entendemos que as eleições para o Parlamento Europeu são eleições muito importantes dentro do contexto geoestratégico em que estamos inseridos enquanto Região e enquanto país, bem como decisivas para o nosso futuro.

Nesse sentido, e em vista da seriedade e competência dos nossos candidatos e da importância e pertinência das nossas propostas, temos a convicção de que poderemos contar com o apoio e o voto de um grande número de madeirenses e porto-santenses, de modo a contribuirmos decisivamente para a eleição não apenas do Dr. Paulo Sande, nosso cabeça-de-lista, mas sim de um número mais alargado de candidatos ao Parlamento Europeu pelo partido ALIANÇA.

FN: E para as Legislativas Nacional de Outubro?

LGL: Também não. Cada coisa a seu tempo.