Papa quer começar 2019 com um hino à Paz e dando uma lição de evangelização aos políticos

O Papa lembra aos políticos que não podem buscar o poder pelo poder, sob pena de alimentarem a guerra.

A

A Igreja Católica celebra a 1 de janeiro de 2019 o Dia Mundial da Paz. Mas o Papa não quer dizer mais do mesmo, mas tocar os corações feridos pela corrupção e outros vícios. Neste patamar, os políticos são os principais visados da reflexão de ano novo do Papa Francisco.

Não é por acaso que os políticos são chamados à colação. É que para o chefe da Igreja Católica, a verdadeira política deve estar ao serviço da Paz e não da opressão e marginalização das pessoas.

Para assinalar o 52.º Dia Mundial da Paz, o Sumo Pontífice publicou um documento de reflexão, com o título “A boa política está ao serviço da Paz”, onde são enumerados os vícios e as virtudes da política, bem como algumas recomendações sobre os próximos atos eleitorais.

Segundo o Papa, há 12 vícios que mancham a atividade política. Segundo explicita a Agência Ecclesia,” esses vícios enfraquecem o ideal duma vida democrática autêntica, são a vergonha da vida pública e colocam em perigo a paz social”.

O Papa refere em primeiro lugar “a corrupção – nas suas múltiplas formas de apropriação indevida dos bens públicos ou de instrumentalização das pessoas”. Francisco prossegue depois com “a negação do direito, a falta de respeito pelas regras comunitárias, o enriquecimento ilegal, a justificação do poder pela força ou com o pretexto arbitrário da «razão de Estado», a tendência a perpetuar-se no poder, a xenofobia e o racismo”.

A mensagem para a celebração de 1 de janeiro de 2019 sublinha o impacto negativo que algumas decisões políticas têm tido ao nível da sustentabilidade do planeta, devido à “recusa a cuidar da Terra”, e à “exploração ilimitada dos recursos naturais em razão do lucro imediato”.

O último “vício” político enumerado por Francisco remete para a crise migratória que rebentou nos últimos anos, devido a fenómenos como a guerra e o terrorismo, a perseguição étnica e religiosa, a pobreza e a desigualdade social. Uma situação que, segundo o Papa, mostrou em vários casos, por parte dos Estados e dos seus políticos, “o desprezo” que reina para com aqueles “que foram forçados ao exílio”. “O terror exercido sobre as pessoas mais vulneráveis contribui para o exílio de populações inteiras à procura duma terra de paz. Não são sustentáveis os discursos políticos que tendem a acusar os migrantes de todos os males e a privar os pobres da esperança”.

Ainda segundo a Agência Ecclesia, “Francisco indica uma ideia-chave para tornar o momento das campanhas eleitorais e de ida às urnas como um verdadeiro motor de renovação e de mudança. “Cada renovação nos cargos eletivos, cada período eleitoral, cada etapa da vida pública constitui uma oportunidade para voltar à fonte e às referências que inspiram a justiça e o direito”, sustenta. Ao longo da sua mensagem, o pontífice reforça que “a política é um meio fundamental para construir a cidadania e as obras do homem”, mas quando a prioridade é “a busca do poder a todo o custo” ela “leva a abusos e injustiças”.

O Dia Mundial da Paz foi instituído em 1968 pelo Papa Paulo VI (1897-1978) e é celebrado no primeiro dia do novo ano.