PTP criticou hoje na ALRAM política do “pão e do circo”

Imagem retirada da página pessoal do facebook

Em contraposição total à perspectiva triunfalista apresentada por Miguel Albuquerque relativamente ao Orçamento e Plano da RAM para 2019, a deputada trabalhista Raquel Coelho traçou hoje no parlamento regional, numa alocução, uma analogia do “pão e circo” evocados pelo autor romano Juvenal, caracterizando e satirizando ao mesmo tempo o modelo de sustentação política criado por Roma Antiga para a manutenção da ordem social do Império.

“O ano de 2019, sendo o último deste mandato e por conseguinte o mais eleitoralista, transporta-nos ao passado, onde os imperadores forneciam à população pobre e faminta, da altura, pão para matar a fome e os espcetáculos de combate entre gladiadores, para saciar a mente”, referiu a deputada. Segundo Raquel Coelho, o objectivo dessa prática, tal como agora, era desviar a atenção do povo das discussões políticas e dos problemas sociais. “Com a barriga cheia e diversão garantida, certamente, não há espaço para a revolta popular”.

“Na Madeira de hoje, as batalhas entre gladiadores, deram lugar ao futebol, às inúmeras festas e arraiais que ocorrem durante todo o ano. O pão foi substituído pela caridade feita pelas associações financiadas com dinheiros públicos, pelas juntas de freguesia e casas do povo. Onde se oferecem passeios, viagens, refeições e bens alimentícios, indiscriminadamente”, acusou.

“O Governo Regional e as autarquias sejam de direita ou de esquerda, PSD, CDS, PS e JPP usam muito habilmente as carências da nossa população nos períodos pré-eleitorais para conquistar o voto. Recordo-me do caso emblemático da autarquia de Santa Cruz que esteve três anos a se queixar que não tinha dinheiro, numa campanha de vitimização, porque o PSD tinha endividado a Câmara e de repente quase como por obra do divino espírito santo, no ano das eleições, surgiram verbas para arranjar estradas, escolas, habitações e distribuir bens alimentícios pela população. As políticas imediatistas continuam a dar votos, mesmo que se sacrifique a sustentabilidade das contas públicas. Produzir eleitores dependentes e cegamente apoiantes das práticas paliativas da governação, consagrou-se os 10 mandamentos de qualquer partido no poder”, referiu.

“E verdade seja dita, quem pode condenar os partidos por replicarem uma prática com vinte séculos, quando a população continua a premiar este tipo de acções, eleições atrás de eleições”, salientou. “Julgo que o Governo francês, deve vir tomar lições à Madeira de como impedir a revolta popular. Na Madeira, não aparecem coletes amarelos”.

“Em 1843, Marx, escreveu que a religião era o “ópio do povo”, mas nos dias que correm, principalmente nas gerações mais jovens  o “ópio do povo” tem-se mostrado ser outro. O futebol, a televisão e as festas está no cerne da cultura regional.E quando aquilo que deveria ser apenas uma actividade de lazer se torna o centro da vida, torna-se perigoso, dando aso a um mundo paralelo alegrado artificialmente. População anestesiada não se lembra do desemprego, da elevada carga fiscal, da corrupção, do desbaratamento de dinheiros públicos”.