Marcelo preocupado com eleições na Madeira, Ireneu atento às sensibilidades e CDS-PP promete viabilizar qualquer vencedor

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As eleições na Madeira preocupam o Chefe de Estado, que pretende assegurar que há condições para um clima de estabilidade política na Região.

Não é novidade que a pré-campanha para as eleições regionais de 2019 já começou há muito, situando-se no âmbito das governações, regional, no caso do Governo, e locais, no caso das Câmaras Municipais, também elas “trabalhando” já para essa consulta que promete ser a mais concorrida de sempre, com contornos que acentuam uma atenção generalizada por parte das forças político partidárias intervenientes, sobretudo tendo em conta um cenário em que o vencedor não terá maioria absoluta. Não é só a vitória que interessa, é também a negociação que abra portas para um futuro Governo Regional.
Esta preocupação é, também, cada vez mais de caráter nacional, por força da estratégia que tem sido seguida pelo Governo da República e do clima de crispação que tem dominado a relação Madeira/Lisboa, potenciada nos últimos tempos por temas “quentes”, como por exemplo o Hospital e os Transportes Aéreos, com o impasse no modelo de mobilidade e as constantes trocas de acusações entre governantes, que tornam difícil qualquer negociação que esteja em cima da mesa.
Com um olhar atento, por fora mas também por dentro, está o Presidente da República, que não esconde a sua preocupação pelo futuro político da Madeira. O Chefe de Estado está, sobretudo, alerta para a importância da estabilidade na Região e tem vindo a desenvolver alguns esforços no sentido de avaliar todos os cenários possíveis para o pós eleições regionais, em 2019, apuramento que fez durante a sua recente visita à Região, onde ouviu os partidos, mas também através do Representante da República, que na sua esfera de influência, tem procurado avaliar as sensibilidades para que, futuramente, não existam surpresas.
O Funchal Notícias soube, de fontes bem colocadas, que já existiram contactos, nesse domínio das preocupações de Marcelo, que visam precisamente a avaliação das sensibilidades regionais, nas diferentes vertentes, sendo que o tema terá sido abordado, recentemente, aquando do encontro com Alberto João Jardim, a 25 de outubro, que foi ao Palácio convidar pessoalmente o Representante da República para o lançamento do livro “diz Não!”, que Jardim diz ser de ficção, mas também um aviso para aquilo que pode acontecer aos madeirenses se escolherem o caminho da colonização.
Nesse contexto de ouvir, informalmente, as sensibilidades, sabe-se que já é do conhecimento de Marcelo a intenção do CDS-PP Madeira em viabilizar um futuro Governo Regional seja qual for o vencedor, desde que não envolva um modelo tipo “geringonça”, ou seja desde que o Bloco e o PCP estejam de fora, não sendo estranho o facto da liderança de Rui Barreto estar, já, a se posicionar nesse sentido, de que um recente acordo, em sede de Orçamento Regional, visando o passe social único, pode ser um indicador desse entendimento, não obstante esse acerto ter ocorrido com uma “maldade” de Calado, que surgiu a público com uma proposta ainda mais vantajosa do que aquela que o CDS/PP tinha proposto, procurando assim retirar “força” ao anúncio público de Barreto, chamando a si os “louros” da conquista.
Sabe-se que Belém quer a Madeira estável para o futuro. Quer garantir que não há surpresas de uma governação que traga instabilidade e está consciente dos perigos desta dialética Governo Regional/Governo da República, que não é positiva para uma estabilidade. Nem agora nem no futuro. Mas também há a consciência que, reunindo Paulo Cafôfo uma boa imagem, nacional e regional, tem contra si o facto de estar ligado a uma estrutura partidária que pode não ser suficiente para atingir o suporte diretamente proporcional à popularidade do candidato. Por isso, dificilmente, no quadro presente, podemos olhar a maioria absoluta como uma hipótese. E sendo assim, é preciso garantir que há solução, entretanto já assegurada pelo CDS, de acordo com o que conseguimos apurar, sempre no âmbito destas avaliações preliminares oficiosas, onde também poderá entrar na equação o JPP, cuja dimensão real de votos é praticamente impossível avaliar, uma vez que o efeito surpresa, no voto do eleitorado, pode vir a conceder ao partido um papel importante de “fiel da balança”, faltando aqui saber que posição terá o vencedor, seja PSD ou PS, relativamente à negociação sobre qual o parceiro de uma eventual coligação.