Militares do RG3 participaram na parada militar em Lisboa vestidos como soldados do tempo da Grande Guerra

Fotos: DR

Os militares madeirenses do Regimento de Guarnição nº3 estiveram ontem presentes na maior parada militar já realizada em Portugal em tempos de democracia. Foi nas cerimónias de comemoração do centenário do Armistício, quando forças militares e de segurança desfilaram pela Avenida da Liberdade, em Lisboa, que os soldados do RG3 se apresentaram fardados a rigor, como no tempo da Primeira Guerra Mundial, quando o Corpo Expedicionário Português combateu no conflito que mais tarde seria descrito (ironicamente face aos acontecimentos que se seguiram) como “a guerra para acabar com todas as guerras”.

Recorde-se que Portugal, supostamente, registou mais de sete mil baixas na Grande Guerra, maioritariamente na batalha de La Lys. Durante anos pensou-se que o número de mortos e feridos cifrar-se-ia de facto nestes valores; no entanto, e de acordo com estudos recentes, esses números estariam muito inflacionados.

O número de mortos em La Lys não terá, então, alcançado meio milhar, de entre 2086 mortos do CEP nos anos de 1917 e 1918, tendo-se,  isso sim, o número de prisioneiros cifrado na ordem dos seis milhares. O número elevado de prisioneiros deveu-se ao facto de os soldados portugueses terem sido cercados pelas tropas alemãs. Mesmo assim, e apesar de mal preparados e motivados, os portugueses resistiram quanto puderam, desde as quatro da manhã até ao meio-dia do dia 9 de Abril de 2018.

Ontem, a Alemanha marcou também presença na cerimónia, mas já como aliada europeia, a par de outros representantes militares da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos.

As cerimónias do centenário do Armistício foram presididas pelo mais alto magistrado da Nação. Marcelo Rebelo de Sousa depôs uma coroa de flores no monumento nacional aos mortos da Grande Guerra. Altas individualidades civis e militares compareceram nesta evocação, que também contou com a participação e o desfile de antigos combatentes portugueses. Não já da Primeira Guerra Mundial, claro; o último sobrevivente do CEP faleceu com 107 anos, em 2002. Chamava-se José Maria Hermano Baptista e era tio e padrinho do conhecido historiador José Hermano Saraiva.