Bernardo Trindade e a TAP: Antonoaldo Neves “introduziu uma polémica manifestamente desnecessária” quando falou em preços “módicos”

O administrador não executivo da TAP, Bernardo Trindade já reagiu aos mais recentes episódios e declarações do presidente da companhia, Antonoaldo Neves.

Bernardo Trindade fê-lo esta manhã num “post” no facebook onde admite que Antonoaldo Neves “introduziu uma polémica manifestamente desnecessária” quando falou em preços “módicos” mas, sobre os limites de vento no aeroporto, admite que a TAP tem a última palavra.

Eis o “post”:

“Por razões óbvias, tenho acompanhado as declarações do presidente executivo da TAP sobre o que se relaciona com a Madeira.

Vamos então por partes:

1 – classificar os preços da TAP para a Madeira como módicos, não só não é verdade, atendendo ao modelo de construção crescente dos preços e aos níveis elevadíssimos de taxa de ocupação dos aviões, como introduz uma polêmica manifestamente desnecessária numa região profundamente dependente das acessibilidades.
E isto que aqui escrevo, manifestei ao próprio Antonoaldo Neves, no dia em que proferiu estas declarações ao Expresso.

2 – para as pessoas terem noção, do tráfego para a Madeira na TAP, apenas 30 % são residentes. Dos restantes, há uma parte muito significativa que alimenta a atividade mais importante da Madeira – o turismo – sem a qual direta ou indirectamente “morreríamos” todos à fome…
Os operadores que programam a Madeira como destino, as empresas que prestam serviço na Madeira, negoceiam em tempo e em quantidade com a TAP muito antecipadamente.
Logo, o preço médio referido – 101 euros – tem em conta toda esta dinâmica, sendo inútil o “leilão” a que assistimos na Assembleia;

3 – Serviço público. Desde que em 2008 a rota foi aberta a mais companhias aéreas que este conceito está ultrapassado. Atualmente a TAP disponibiliza 200.000 lugares por ano. Não sei quantos lugares disponibiliza a Easyjet.
Não chega. Temos de ter mais companhias para fazer baixar os preços. Se a Ryanair é um caso de sucesso no Porto, no Algarve e nos Açores, por que não pode ser na Madeira ?

Serviço público temos sim no Madeira – Porto Santo, onde o Estado lança um concurso e contrata uma companhia aérea para prestar esse serviço, tendencialmente com prejuízo financeiro, mas obrigatório atendendo à obrigação constitucional da continuidade territorial.

4 – No momento em que o Armas se prepara para deixar a Madeira, reiterar o apelo para que se estude aprofundadamente este dossier : a alteração dos ventos no hemisfério norte é coisa séria. O aeroporto vai ficar mais vezes inoperacional. Aqui concordo em absoluto com o presidente da TAP: com segurança dos passageiros não se brinca, definidos os limites pela ANAC, quem impõe os condições de segurança à companhia é a companhia.”