Albuquerque considera declarações de Antonoaldo Neves “a anedota do ano” e acusa-o de “desplante”

O presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, reagiu hoje às recentes e polémicas declarações do administrador da TAP, Antonoaldo Neves, que disse no parlamento nacional que a companhia não está obrigada ao serviço público para a Região, dizendo que não ficou surpreendido, pois “o serviço público há muito tempo que não é prestado”.

No entanto, considerou isto “a anedota do ano”, uma vez que o Estado tem 50 por cento da transportadora aérea.

“Se o contribuinte está no capital da TAP em 50 por cento… porque é que o Estado está lá? Deve ser só para cobrir prejuízos… O que me parece é que este senhor que está à frente da TAP tem uma vocação para dizer coisas descabidas. Ele dizer que não tem obrigação nenhuma para com a Madeira, a gente já sabe disso pela forma como tem actuado, porque andam a gozar com os madeirenses”, acrescentou, falando à margem da inauguração das obras de beneficiação dum posto florestal na Camacha.

Albuquerque defendeu que o problema é do Estado e do Governo. “O Governo tem de intervir, tem de fazer valer o seu peso no capital social. Se apenas lá está para cobrir os prejuízos eventuais, então, isso é uma anedota a nível nacional. Quando se deu a reversão da privatização da TAP, o que foi argumentado, inclusive por destacados elementos do Partido Socialista de cá, é que essa reversão ia ser fantástica, que finalmente a TAP ia cumprir o serviço público para com as regiões e as comunidades emigrantes. O que se está a notar é precisamente o contrário”.

O presidente do GR acusou Antonoaldo Alves de “desplante” pelo que disse já na Assembleia da República. “Primeiro disse que os preços [das viagens entre a Madeira e o continente] eram módicos; e depois veio dizer que não tinha nenhuma obrigação, nem sequer estava na disposição de cumprir aquilo que são as orientações dos organismos de regulação nacional, nomeadamente a ANAC, naquilo que diz respeito aos ventos no Aeroporto”.

“Também gostaria de sublinhar que quem confrontou mais uma vez o presidente da TAP com a realidade e a verdade foi o nosso deputado Paulo Neves”, disse.

Comentando o decreto-lei de 2008 que no fundo desobriga a TAP do serviço público com a liberalização da linha para a Madeira, situação com a qual foi confrontado pelos jornalistas, Albuquerque disse que “a liberalização do serviço não tem nada a ver com a questão”.

“A TAP não pode é, neste momento, ter uma política comercial no sentido de extorquir dinheiro aos madeirenses. O que está em causa é que os preços que são praticados pela companhia aérea nacional onde o Estado tem maioria do capital são perfeitamente pornográficos”, indignou-se. “São incomportáveis para as famílias madeirenses e estão a prejudicar o nosso turismo”.

“A TAP tem de assegurar preços acessíveis para a circulação dentro do território nacional”, insistiu.