Rua do Bom Jesus ficou sem árvores; corte de hoje contraria promessa de Miguel Gouveia de que não haveria mais abates naquela artéria

Fotos: Paula Lemos

Pelo menos cinco árvores foram hoje abatidas na Rua do Bom Jesus, caindo perante a motoserra implacável que só poupou um pequeno exemplar naquela artéria anteriormente arborizada da nossa urbe. O corte começou na manhã de hoje e não deixou, desde logo, de suscitar críticas de quantos não aceitam os argumentos aduzidos pela Câmara Municipal do Funchal para efectuar esta “limpeza” radical ao património árboreo da cidade.

Mas o mais curioso é que o corte de hoje vem contrariar liminarmente as declarações do vice-presidente da autarquia funchalense, Miguel Silva Gouveia, em entrevista concedida ao Funchal Notícias e publicada no passado dia 20 do corrente mês. Dizia então Miguel Gouveia que as obras no Bom Jesus ficariam concluídas na primeira quinzena de Setembro. E deixava uma garantia: “Não vamos mexer mais no resto da Rua, não vamos cortar mais árvores”.

 

A respeito do corte das mesmas, explicava na dita entrevista que “as raízes desenvolveram-se para debaixo da estrada e algumas delas estavam dentro das infraestruturas, nomeadamente as redes de saneamento básico, que teriam que ser mudadas. Para fazer a obra, tivemos que cortar grande parte dessas raízes. E tecnicamente, aquilo que nos foi transmitido, foi que não estava garantida a segurança biomecânica das árvores sem esse conjunto de raízes, situação que não nos deixou descansados se por exemplo, como já aconteceu, surgissem ventos de 100 quilómetros/horas. Não sabíamos se aquelas árvores iam aguentar-se, por isso tomámos a decisão e fizemos o que era mais lógico seguindo as recomendações técnicas”.

A CMF já garantiu que vai reflorestar aquela rua, mas personalidades como o ecologista Raimundo Quintal já vieram questionar publicamente se ali serão instaladas árvores ou apenas simples arbustos… uma vez que o tamanho das “gavetas” em cimento que são destinadas às árvores e respectivas raízes são realmente bastante diminutas.