Centristas dizem que o edil “traiu a confiança dos cidadãos” e é mestre da “propaganda”

Fotos: Rui Marote

O CDS mostrou-se hoje bastante crítico nos discursos do dia da cidade, através de uma intervenção do deputado municipal Gonçalo Pimenta. Para os centristas, o edil funchalense não deve esquecer-se de que a cidade justifica-se em função dos cidadãos e é a eles que tem sempre de prestar contas.

“Cumprir os compromissos com eles assumidos não é uma opção, é uma obrigação e o senhor nem sempre o faz”, acusou. “Não o faz quando, depois de ter anunciado que iria completar o mandato, apresta-se a deixa-lo a meio; não o faz quando deixa promessas por realizar. A transformação do matadouro é uma delas, não deixando de ser paradigmático que quem assumiu a cultura como uma prioridade falhe tanto nesta matéria; não o faz quando o amianto, que já deveria ser zero, é ainda muito; não o faz quando promete um plano de reabilitação urbana e aquilo que se vê é uma cidade com centenas de prédios ao abandono, com o comércio tradicional numa crise profunda, com novas centralidades – por si autorizadas ou prosseguidas – que criarão um fosso ainda maior entre o centro histórico e o resto do concelho; não o faz quando permite que o desordenamento se instale. Nas esplanadas. No estacionamento. Quando permite que os jardins se degradem. Não o faz quando permite que o Funchal seja uma das cidades da Europa com maiores perdas de água, num tempo em que a água é, no mundo, um bem cada vez mais escasso”.

Por outro lado, prosseguiu, não faz também “quando permite que as ruas se degradem, que a recolha de lixo continue a revelar enormes deficiências – pese embora o esforço de todos os funcionários da Câmara, que eu aqui louvo publicamente -, que a cidade pareça cada vez mais desordenada, cada vez mais suja, cada vez menos cuidada”.

Gonçalo Pimenta disse que ao CDS “custa fazer estas críticas. Todos os nossos representantes gostariam que o Funchal fosse igual à cidade modelar que o senhor vende em entrevistas nas quais, paradoxalmente, prepara a saída”, ironizou.

“Mas infelizmente, Senhor Presidente da Câmara, a diferença entre a realidade apregoada por si, em laudatórias páginas de jornal, e a realidade vivida pelos funchalenses, não podia ser mais díspar”, fulminou.

Acusou ainda Paulo Cafôfo de “trair a confiança que lhe foi depositada pelos cidadãos do Funchal, abandonando o governo da cidade a meio e dizendo o contrário daquilo que antes dissera”.

“As suas prioridades, agora, são outras mas, honestamente – pergunto-lhe directamente, olhando para si – não acha que os funchalenses mereciam que se concentrasse, em primeiro lugar, na governação da cidade?”, questionou.

É bom que “tenha posto as contas em ordem e foi por isso que o CDS viabilizou o seu orçamento”, disse, mas considerou que “isso não basta”. Disse ainda que as propostas para maior devolução de IRS aos munícipes foram feitas pelo CDS”, bem como os preços dos parquímetros, na cidade, diminuíram por proposta dos centristas, as famílias das crianças do pré-escolar – mesmo do ensino privado e cooperativo – serão apoiadas por proposta do CDS, pelo que não lhe fica bem “acenar com o chapéu alheio”.

Repetindo uma acusação recorrente nos discursos dos partidos o de que a CMF gosta de “encher páginas de jornais”, adiantou que, a propósito, o CDS dará entrada de um requerimento na Assembleia Municipal precisamente para que Cafôfo esclareça se a anunciada vistoria “a pente fino” à obra do Hotel Savoy Palace foi decidida pela Câmara ou se foi determinada pelo Ministério Público.

“É que pela notícia, o senhor presidente da Câmara aparece como paladino dessa fiscalização, mas quando se lê a notícia até ao fim, a coisa muda de figura e parece que a decisão foi tomada pelo Mistério Público. E como sabe o senhor presidente, se a vistoria é decidida pelo Ministério Público, a situação muda de figura”. Mais uma vez, “fica aqui um exemplo da sua habilidade para as notícias garrafais e enganosas”.

A “propaganda” de Cafôfo, referiu, “é muito diferente da comunicação de que a cidade necessitava”.

Apelando a Paulo Cafôfo para que “cumpra as suas promessas”, impeliu-o a “prestar contas” aos cidadãos e a cumprir os compromissos com eles assumidos”.

“Cumpra a sua obrigação”, exortou.