“Há um tsunami no PSD”, Rio fez declarações na Madeira “que nem ele acreditou, é muito diferente de Alberto João Jardim”, diz Miguel Júdice

Júdice
“Alberto João disse uma vez que sabia haver uma única oportunidade para fazer bem à Madeira, sabia que não íamos ter dinheiro para pagar isto”.

José Miguel Júdice, comentador, social democrata de longa data, considerou hoje, no habitual comentário na TVI, que “estamos a assistir a um tsunami no PSD”, apontando ainda que o partido liderado por Rui Rio “está um grupo de gatos assanhados”.

Júdice comentou as declarações de Rio na Festa do PSD-Madeira, na Herdade do Chão da Lagoa, considerando que ele próprio “nem acreditou naquilo que disse”. Júdice acha Rio muito diferente de Jardim. Faz, por isso, alusão ao que disse o líder social democrata: “Rio disse que se houvesse quatro ou cinco Albertos João Jardim em Portugal continental, o País estava muito melhor, mas Pedro Duarte veio dizer precisamente ao contrário, a JSD veio propor a delação premiada, a equipa de Justiça de Rui Rio diz ao contrário. Está instalada uma confusão, o PSD é um bocado isso”.

Júdice considera, também, que não havendo “lugares para distribuir, que não há”, é muito difícil que o PSD seja mais do que “um grupo de gatos assanhados a atacarem-se uns aos outros. O PSD é carregado de contradições. Tem lá os reacionários, os justicialistas, os liberais, os conservadores, os ultraliberais e os socialistas moderados, que se chamam, a si próprios, sociais democratas. É um partido em que há uns que são ferozmente contra a União Europeia, outros que são favoráveis à UE, uns que são contra o Partido Socialista, outros que se querem aliar com o Partido Socialista para chegarem ao poder. É um partido onde estão as classes médias em processo de ascensão social, as élites urbanas, sofisticadas, modernas, os notáveis rurais, muitos deles vindos do tempo da outra senhora. O PSD é um partido que pretende agarrar tudo”.

Para José Miguel Júdice “estamos a assistir, no PSD, a uma espécie de tsunami. O PS não quer olhar para a direita, arrisca-se a perder à esquerda, se quiser apoio alia-se à esquerda”. E é claro quando diz que “a estratégia de Rui Rio está errada se quiser que o PSD continue a ser um partido hegemónico. Ele foi à Madeira dizer uma coisa que eu acho que ele não acredita. Alguém disse e com razão que tudo o que de bom e de mau existe é com Alberto João Jardim, mas com Rui Rio é ao contrário. Rio é um tipo que vive a pensar que não se pode gastar, Alberto João disse uma vez que sabia haver uma única oportunidade para fazer bem à Madeira, sabia que não íamos ter dinheiro para pagar isto”.

Então porque razão Rui Rio fez estas declarações? Júdice julga que o objetivo “é apanhar para o seu lado os conservadores e os reacionários, ofendendo o PSD e talvez levando o PPD a gostar. Rui Rio é a expressão de um tipo de pessoas completamente diferentes de Alberto João Jardim. Além disso tudo, embora em Portugal não haja ainda populismo de direita, Rio está à espera, de um dia para outro, que haja alguém capaz de encabeçar essa lógica populista e de repente temos pessoas a votar à direita que votaram à esquerda”.