Tinha um discurso escrito mas preferiu outro tipo de interação nesta mensagem para as comunidades. Foi hoje, na abertura do Forum Global, que no Funchal debate a temática da emigração, nas diferentes gerações, que o presidente do Governo Regional disse preferir uma intervenção “mais olhos nos olhos”, assente num improviso de dizer o que lhe vai na alma. Com o secretário de Estado das Comunidades a ouvir.
E foi neste “olhos nos olhos” que Albuquerque anunciou, com ovação da assistência, que “o Governo vai apresentar, num quadro de revisão constitucional e tendo em vista um parecer solicitado, a reafirmação da necessidade dos nossos emigrantes terem a possibilidade de votar nas eleições regionais. Entendemos que hoje, com os mecanismos disponíveis, é importante que os nossos emigrantes possam participar na vida da Região, constituindo um círculo de emigração”.
Outra nota referiu-se às comemorações dos 600 anos da Descoberta da Madeira e Porto Santo, com o presidente do Governo a reforçar que pretende levar essas comemorações junto das comunidades, inserindo-se no contexto de chegar, também, às novas gerações.
As comunidades madeirenses espalhadas pelo mundo estarão em debate estes dois dias no Funchal, com a realização, hoje, do Forum Global, no Pestana Casino Park, e amanhã com um encontro dos conselheiros da Diáspora com Miguel Albuquerque, na Assembleia Regional.
Albuquerque deixou no ar a questão “se foi ou não boa iniciativa política termos criado este Forum e o Conselho da Diáspora Madeira entre o Governo da Região e a própria Região com as nossas comunidades, perpetuando essa ligação às novas gerações”, mas de seguida deu aquela que é a sua convicção e que, em sua opinião, deu resposta a essa pergunta: “Tenho a convicção plena que esta modalidade de interação tem vindo a registar um grande sucesso e é um suporte para um acompanhamento que é fundamental para que as nossas comunidades sintam que é um ativo para a sua ligação à Madeira. A isso chama-se raízes, que significa identidade e matriz”.
O presidente do Governo diz que “aos filhos, netos e bisnetos dos madeirenses espalhados pelo mundo, é importante saberem as raízes, mais do que os investimentos. Somos uma sociedade aberta e global, que tem na sua diáspora um ativo decisivo e fundamental. Pela determinação, pela capacidade de trabalho, ter a esperança de melhorar a vida e da sua família, desde os tempos em que chegaram aos países de acolhimento. A diáspora deve ser um exemplo para Portugal se projetar para um País global”.
Neste “olhos nos olhos” com as comunidades, Albuquerque considera que “hoje, temos a obrigação de apoiar as nossas comunidades”, referindo o caso particular da Venezuela para apontar que o Governo Regional “irá fazer tudo para apoiar os nossos conterrâneos que regressam da Venezuela em condições de precariedade e não admitiremos qualquer tipo de discriminação, da mesma forma que, dentro do quadro daquilo que é possível, faremos tudo para apoiar a comunidade que lá vive, no âmbito dos mecanismos diplomáticos. Ainda recentemente, o secretário regional da Educação foi levar um suporte financeiro importante, para o Lar e para o Centro”.
Neste contexto de apoio à comunidade madeirense na Venezuela, Albuquerque garante que “todos os cidadãos regressados da Venezuela serão tratados como qualquer cidadão madeirense, da mesma forma que o sistema de ensino está a absorver. Temos também que reforçar o apoio no Centro de Emprego”, sendo que esta postura do Governo Madeirense terá complemento garantido por parte do Governo da República e por ação do secretário de Estado das Comunidades, Luís Carneiro, que tem a “confiança” do Governo Regional, como o presidente do Executivo fez questão de salientar.
Para o responsável do Governo da Madeira “é fundamental resolver a centopeia de mil cabeças, a burocracia. É importante termos a capacidade legislativa para facilitar a vida aos que regressam, resolver as equivalências”.